PCC: Vinícius Gritzbach fez delação sobre lavagem de dinheiro na contratação de jogadores

Empresário morto em aeroporto era suspeito de ser o mandante da morte de "Cara Preta", liderança relevante da facção

Da redação, com Brasil Urgente

Um tiroteio foi registrado no Terminal 2 do Aeroporto de Guarulhos nesta sexta-feira (08). Segundo informações preliminares, quatro pessoas teriam sido baleadas. A vítima que foi alvo do ataque é o empresário Antônio Vinicius Gritzbach, identidade confirmada pelas autoridades de segurança de São Paulo ao Brasil Urgente. A suspeita do ataque é atribuída a membros do PCC, já que Vinícius está envolvido em um caso ligado à execução de uma liderança da facção: Anselmo Santa Fausta, o “Cara Preta”. 

Gritzbach desembarcou no local após uma viagem internacional, segundo as primeiras informações. Ele seria uma espécie de “tesoureiro” de ativos do PCC, como criptomoedas e imóveis, para lavar dinheiro do crime organizado. O Ministério Público de SP estima que esse valor poderia chegar a R$ 2 bilhões.

Quem é Vinícius Gritzbach

A trama ganhou destaque após a morte de Santa Fausta, tendo como peça central Vinícius Gritzbach, empresário do ramo imobiliário. Ele também era investigado também por lavagem de dinheiro. Entre os supostos clientes estariam Rafael Maeda, o ‘Japa’, e Danilo Lima, o "Tripa’, que agiam como agentes de futebol.

As delações trazem também lavagem de dinheiro com negociação de imóveis de luxo. Um deles, uma cobertura no Tatuapé, comprada por Anselmo Cara Preta por R$ 15 milhões em dinheiro vivo.

Tripa e Japa teriam ligação com três empresas citadas na delação. A investigação recai sobre jogadores revelados na base do Corinthians, que hoje não estão mais no clube. Uma das linhas de investigação do Ministério Público aponta ainda que negociações de atletas com grandes clubes brasileiros podem ter participação direta de integrantes do PCC com o objetivo de lavar dinheiro do tráfico internacional de drogas.

Desde a morte da importante liderança do PCC, o empresário foi detido algumas vezes. A primeira em um hotel de luxo em Itacaré, no sul da Bahia onde passava férias, em fevereiro de 2022. Ele chegou a ter até um helicóptero apreendido, mas devolvido posteriormente.

Antes de ser morto no aeroporto, Vinicius Gritzbach sofreu um atentado em casa durante o Natal de 2023. O empresário estava na sacada de seu apartamento no Jardim Anália Franco, bairro nobre da zona leste de São Paulo, quando foi alvo de um tiro, que acabou não atingindo ninguém. Segundo a polícia, o disparo foi feito de um prédio em frente, a partir de um apartamento que fica a poucos andares acima do de Gritzbach.

Em entrevista ao Brasil Urgente, a diretora do DHPP, Ivalda Aleixo, afirmou que Vinícius pode ter sido executado porque “sabia muito sobre o PCC”. Segundo a diretora, ele tentava fechar um acordo para uma delação premiada

“Ele sabia muita coisa do PCC e de lavagem de dinheiro, sabia de informações sobre onde estavam colocando esse dinheiro”, completou. 

Vinícius foi solto após decisão do STJ em junho de 2023, com o uso de tornozeleira eletrônica, e respondia ao processo pelas mortes de Cara Preta e Sem Sangue em liberdade.

A morte de Cara Preta

A morte de Anselmo desencadeou uma série de outros crimes. Semanas após a execução, dois corpos foram encontrados decapitados ao lado de bilhetes que sugeriam um acerto de contas pela morte do chefe do PCC: Noé Schaun e, apontado como o executor dos dois traficantes, além de Carlos Almeida, o Django.

De acordo com o Ministério Público, o traficante morto em 2021 era peça chave da logística do tráfico internacional de drogas e responsável pela rota da cocaína entra a Bolívia, o Brasil e a Europa a partir do Porto de Santos (SP).

A investigação do DHPP apurou que Gritzbach teria mandado matar Cara Preta porque vinha sendo cobrado pela vítima por uma dívida milionária - dinheiro arrecadado com o tráfico internacional de drogas. Cara Preta teria descoberto dias antes que Vinicius teria gastado parte do investimento no envio de cocaína pura para a Europa.

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