PCC teria ordenado criação de ONG para denunciar falsos abusos em presídios

ONG relatava falsas torturas e até alegava “corredor da morte” em presídio de São Paulo, o que motivou a troca de diretor na unidade e mudança no perfil dos presos

Daniel Oliveira

PCC teria ordenado criação de ONG para denunciar falsos abusos em presídios
Reprodução/Brasil Urgente

Agentes de equipes especializadas da Polícia Civil e do Ministério Público foram às ruas nas primeiras horas da manhã para prender 12 pessoas. Entre elas, integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC), como três advogados e o presidente de uma ONG. Buscas foram realizadas em 14 endereços de São Paulo, Região Metropolitana, interior paulista e em Londrina, no Paraná.

Uma investigação do MP mostrou, de forma detalhada, a ligação entre a ONG, que trabalha com presos e ex-presidiários com o PCC. Segundo o relatório, a organização ajuizava ações com denúncias falsas de abusos dentro do sistema prisional, tudo sob orientação da facção.

“A investigação mostra que essa ONG foi constituída a mando da facção, atuando por meio de falsas demandas judiciais, demandas verdadeiras, mas fundadas em falsas acusações”, disse o delegado Ramon Guarnieri.

O nome da operação, “Scream Fake” (“grito falso”, traduzido do inglês), faz referência ao documentário “Grito”, de 2024, exibido em uma plataforma de streaming. Integrantes da ONG foram entrevistados no documentário que aborda os impactos do sistema prisional nas famílias dos detentos.

A apuração do MP também revelou a atividade de quatro setores da facção criminosa, denominadas “sintonia”. Uma delas, a “sintonia dos gravatas”, presta assistência jurídica a faccionados.

“Em uma das situações, foram denunciados torturas e abusos na Penitenciária 1 de Presidente Venceslau, que levou, inclusive, à troca de diretor, levou à troca do próprio perfil de presos da unidade, onde eram acusados de corredor da morte, trem fantasma. Foram informações plantadas, falsas, difundidas por essa ONg e coordenada por advogados”, disse o promotor Lincoln Gakiya.

Para desmantelar o esquema, foram necessários três anos de investigação. O trabalho começou quando policiais penais apreenderam mídias externas com uma visitante na Penitenciária 2 de Presidente Venceslau, uma unidade de segurança máxima que abriga os criminosos mais perigosos de São Paulo.

As atividades da ONG e até as mesmo as redes sociais foram suspensas por determinação da Justiça. Agora, o trabalho segue para identificar outros envolvidos do esquema.

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