PCC deixa de usar cemitério clandestino e desova corpos no meio da rua

A polícia admite estar diante de uma nova modalidade de execuções por parte da facção criminosa

Por Cesar Cavalcante

PCC deixa de usar cemitério clandestino e desova corpos no meio da rua Reprodução
PCC deixa de usar cemitério clandestino e desova corpos no meio da rua
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A polícia admite estar diante de uma nova modalidade de execuções por parte do PCC. Corpos de quem quebrou as regras da facção agora são jogados no meio da rua. E não se trata de crimes feitos para chamar a atenção. Os bandidos não querem mais se dar ao trabalho de enterrar os corpos em cemitérios clandestinos. 

Foi assim que aconteceu em dois casos recentes, em cidades vizinhas da Grande São Paulo. Uma câmera de segurança flagrou o momento em que bandidos param o carro. Um deles vai olhar o local da desova, à beira da avenida, em Osasco. A vítima está no porta malas. Eles pensam em como tirá-la. O criminoso até orienta o trânsito. A vítima é retirada pela porta mesmo, arrastada e ainda leva mais tiros, três no rosto e dois no pescoço. Tudo acontece em plena luz do dia. os quatro criminosos então vão embora correndo. 

Uma outra ação foi flagrada. Os executores estacionam o veículo, onde há mais dois corpos. A imagem não mostra, mas na sequência, o motorista foi visto subindo na garupa de uma moto. Dentro do carro abandonado, estavam Alessandro Pereira de Paula Afonso, de 23 anos, e Igor Tavares de Oliveira Ferres, de 24 anos, dono do carro usado no transporte dos corpos. 

Eles estavam com as mãos e pescoços amarrados com cordas, e enrolados em cobertores no porta malas do veículo. Sinais claros de estrangulamento e sem marcas de tiros. Os dois já tinham anotações criminais. A polícia acredita que tanto Igor e Alessandro, quanto o homem morto em Osasco, quebraram as regras do crime organizado. 

Quatro dias após os crimes, a polícia conseguiu prender um dos suspeitos, responsável por gerenciar o tráfico na comunidade do murão. Maiki Pinto Farias, de 23 anos, foi monitorado pela polícia e capturado, com cocaína pronta para venda. Ele foi preso em flagrante e teve a prisão convertida para temporária pela Justiça. No celular dele, a polícia encontrou mensagens relacionadas ao crime. Nelas, criminosos disseram esconder a moto que foi usada na fuga. Também nas mensagens, eles falam do receio de uma operação policial. A principal hipótese apurada pela polícia é a de que os homens mortos estariam desviando dinheiro da organização criminosa.

Recentemente, o assassinato de lideranças do crime chamou a atenção também pelo descarte de corpos ou membros em ruas e avenidas. Nestes casos, a polícia crê que o objetivo é enviar mensagens claras para quem ousa desrespeitar a facção, além de uma demonstração de liderança. Mas nos casos de Osasco e Carapicuíba, a investigação vê que a facção vem deixando de enterrar os corpos pela descoberta de um cemitério clandestino, no começo do ano. 

A modalidade se repetiu em execuções do PCC no Grajaú, zona sul da capital, em junho. Em um dos crimes, o suspeito de ter engravidado uma adolescente de 14 anos foi executado e teve o corpo descartado em uma rua residencial. Em outro caso, a vítima - envolvida em loteamentos irregulares - foi encontrada morta dentro do próprio carro.