Pelo menos seis suspeitos de participarem de um esquema entre duas empresas de transporte de São Paulo com a cúpula do PCC foram presos em uma operação do Ministério Público nesta terça-feira (9). A ação envolveu quase 350 policiais militares, além de fiscais da Receita Federal e do Conselho administrativo de Defesa Econômica, o CADE.
No alvo dos investigadores, duas empresas de ônibus, que operam no transporte de 700 mil passageiros por dia na maior cidade do país. A primeira, a Transwollf, que atua na Zona Sul de São Paulo — e a UP Bus — que opera na Zona Leste.
Segundo o MP, as duas empresas são suspeitas de operarem o esquema de lavagem de dinheiro e sonegação de tributos para o PCC. As empresas teriam ligação direta com a alta cúpula do PCC, gerando lucro milionário aos sócios, mesmo em anos em que o setor de transporte da capital registrou prejuízos.
A investigação aponta que um dos sócios recebeu mais de R$ 14 milhões de dividendos, entre 2015 e 2022, período em que a empresa teve um prejuízo acumulado que ultrapassa os R$ 5 milhões. A Justiça sequestrou R$ 600 milhões das duas empresas.
Dos seis presos, três eram alvo da operação e três foram presos em flagrante. A polícia também apreendeu 11 armas, incluindo dois fuzis e uma submetralhadora. O promotor do Gaeco, Lincoln Gakiya, disse que as empresas passaram a operar no poder público com um esquema semelhante à máfia italiana e classificou a ação como histórica.
“Atacamos o sistema financeiro do crime organizado, que estava tomando o contorno de máfias. Isso é preocupante, porque mostra que o PCC está se infiltrando nos poderes do Estado”, diz.
Das apreensões, os agentes também recolheram computadores, HDs, duas barras de ouro, mais de R$ 160 mil em dinheiro vivo, dólares e cerca de 800 munições de diversos calibres.