MP faz operação contra empresas de ônibus de São Paulo ligadas com cúpula do PCC

Pelo menos seis suspeitos de ligação com o crime organizado foram presos; autoridades indicam esquema de lavagem de dinheiro no setor de transportes da capital paulista

Por Mark Figueredo

MP faz operação contra empresas de ônibus de São Paulo ligadas com cúpula do PCC
Empresas são apontadas como ligadas ao PCC
Reprodução/Brasil Urgente

Pelo menos seis suspeitos de participarem de um esquema entre duas empresas de transporte de São Paulo com a cúpula do PCC foram presos em uma operação do Ministério Público nesta terça-feira (9).  A ação envolveu quase 350 policiais militares, além de fiscais da Receita Federal e do Conselho administrativo de Defesa Econômica, o CADE. 

No alvo dos investigadores, duas empresas de ônibus, que operam no transporte de 700 mil passageiros por dia na maior cidade do país. A primeira, a Transwollf, que atua na Zona Sul de São Paulo — e a UP Bus — que opera na Zona Leste.

Segundo o MP, as duas empresas são suspeitas de operarem o esquema de lavagem de dinheiro e sonegação de tributos para o PCC. As empresas teriam ligação direta com a alta cúpula do PCC, gerando lucro milionário aos sócios, mesmo em anos em que o setor de transporte da capital registrou prejuízos. 

A investigação aponta que um dos sócios recebeu mais de R$ 14 milhões de dividendos, entre 2015 e 2022, período em que a empresa teve um prejuízo acumulado que ultrapassa os R$ 5 milhões. A Justiça sequestrou R$ 600 milhões das duas empresas. 

Dos seis presos, três eram alvo da operação e três foram presos em flagrante. A polícia também apreendeu 11 armas, incluindo dois fuzis e uma submetralhadora. O promotor do Gaeco, Lincoln Gakiya, disse que as empresas passaram a operar no poder público com um esquema semelhante à máfia italiana e classificou a ação como histórica. 

“Atacamos o sistema financeiro do crime organizado, que estava tomando o contorno de máfias. Isso é preocupante, porque mostra que o PCC está se infiltrando nos poderes do Estado”, diz. 

Das apreensões, os agentes também recolheram computadores, HDs, duas barras de ouro, mais de R$ 160 mil em dinheiro vivo, dólares e cerca de 800 munições de diversos calibres.