A Justiça negou, nesta terça-feira (11), o habeas corpus pedido pela defesa do flamenguista acusado de lançar uma garrafa que atingiu o pescoço da jovem Gabriela Anelli, durante uma confusão entre torcedores do Flamengo e Palmeiras no último sábado (8). A palmeirense morreu na segunda (10), após não resistir aos ferimentos.
Em conversa com o apresentador José Luiz Datena no Brasil Urgente, o delegado César Saad, responsável pelo caso, confirmou a informação. Ele afirmou que houve o pedido da defesa por um habeas corpus, mas o pedido foi negado.
“A Polícia Civil agiu de forma técnica e imparcial, com base nesses elementos de prova, o auto de prisão foi validado e ele permanece preso. Hoje houve a negativa pela liminar do habeas corpus”, afirma César Saad.
Agora, a Polícia Civil trabalha em identificar outros torcedores envolvidos na confusão. “É isso, a gente trabalha na identificação dos outros torcedores que arremessaram garrafas e também para tentar achar uma filmagem em que a gente consiga ver o fragmento atingindo a Gabriela”, pontua.
Agressor foi preso em flagrante
O delegado César Saad, da Delegacia de Polícia de Repressão aos Delitos de Intolerância Esportiva (DRADE), afirmou que o agressor, identificado como Leonardo Felipe Xavier Santiago, que foi preso em flagrante, vai responder por homicídio doloso. Ele é um torcedor do Flamengo que não estava com a torcida organizada do clube e foi por conta própria ao estádio.
Em entrevista exclusiva na manhã desta terça (11) ao âncora José Luiz Datena, durante o Manhã Bandeirantes, Saad afirmou que a prisão de Santiago foi realizada com base nos depoimentos de testemunhas.
Questionado sobre a mudança na versão do preso, já que Leonardo alterou sua manifestação à polícia dizendo que teria atirado uma pedra de gelo e não uma garrafa de vidro, Saad afirmou que não há duplicidade nas manifestações e que todas as provas colhidas foram aprovadas pelo poder Judiciário.
Vídeo mostra torcedora do Palmeiras após ser atingida
Um vídeo registrado por câmera de segurança mostra a palmeirense Gabriela Anelli, de 23 anos, logo depois de ser atingida por estilhaços de uma garrafa de vidro durante confusão entre torcedores de Palmeiras e Flamengo, no último sábado (8). A jovem chegou a ser internada, mas não resistiu aos ferimentos e morreu na segunda-feira (10).
Surfe e problema no coração
Gabriela era a caçula da família e dividia a paixão pelo Palmeiras com o irmão, Felipe Anelli. De acordo com o pai, a garota sempre ia aos jogos do Alviverde. “Era a diversão dela nos fins de semana. Forma que se encontrou... ela gostava do Palmeiras. A vida dela era essa”, disse.
Futebol, porém, não era a única paixão da garota. Segundo a família, Gabriela adorava surfar nas horas livres. Ela até tinha vontade de se profissionalizar na modalidade, mas não pôde dar sequência à carreira por causa de um problema no coração desde quando era criança. Ela passou por uma cirurgia com dois meses de vida por causa desse problema de saúde.
De acordo com a família, Gabriela pretendia se tornar técnica em informática (TI) e, enquanto isso, trabalhava cuidando de crianças em uma escola no Taboão da Serra, na região metropolitana.
Quatro grandes clubes de São Paulo publicam nota conjunta pelo fim da violência
Após a confirmação da morte, Palmeiras, Corinthians, São Paulo e Santos se uniram e publicaram uma nota conjunta pedindo o fim da violência nos estádios, além de se solidarizarem com a família da torcedora que tinha apenas 23 anos.
“É urgente uma conversa definitiva sobre o fim da impunidade de criminosos que, vestidos com as cores de um clube o qual não representam, cometem atos tenebrosos, como temos visto todas as semanas, infelizmente. É preciso que autoridades e todos os envolvidos no esporte”, diz a nota.
Antes, o Palmeiras havia lamentado a morte de Gabriela. “Não podemos aceitar que uma jovem de 23 anos seja vítima da barbárie em um ambiente que deveria ser de entretenimento. Manifestamos solidariedade à família da palmeirense e cobramos celeridade na apuração deste crime, que fere a nossa razão de existir e compromete a imagem do futebol brasileiro”, diz trecho do comunicado.