Hospital do Campo Limpo (SP) tem superlotação e falta de funcionários; veja denúncia

Familiares denunciaram ao Brasil Urgente que não tem enfermeiros suficientes para dar banho ou realizar a esterilização adequada do espaço

Felipe Garraffa

O Brasil Urgente visitou o Hospital Municipal do Campo Limpo, na zona sul de São Paulo, um dos maiores da capital paulista, com mais de 270 leitos. As imagens, registradas na manhã desta segunda-feira (7) denunciaram um cenário de superlotação e exposição a todos os tipos de doenças.

Além da superlotação, há falta de higiene pessoal no local. Familiares denunciaram ao Brasil Urgente que não tem enfermeiros suficientes para dar banho ou realizar a esterilização adequada do espaço. Resta, então, aos acompanhantes fazer os procedimentos de limpeza de pacientes que estão em macas no corredor do hospital. 

De maneira ininterrupta é possível ver pacientes, desde crianças até idosos, que simplesmente estão em macas no corredor do hospital. Nós apuramos que ali estavam pessoas com doenças respiratórias e também com problemas ortopédicos, como fraturas, por exemplo. 

“Lotado, hospital não recusa nada”

À noite, o produtor investigativo da Band, Leandro Santana, voltou ao hospital do Campo Limpo e não notou alteração no cenário. Tivemos a confirmação dos próprios funcionários que o atendimento é precário e a unidade não suporta a quantidade de pacientes. 

"Lotado, o hospital não recusa nada.. tudo cheio”, disse um segurança. 

Já na parte de dentro do Hospital, a confirmação de que as pessoas chegam a se apoiar nas paredes para conseguir se movimentar na maca. Pacientes com fraturas ficam ao lado de um idoso com respirador, colocado ali de maneira improvisada. A superlotação é tão grande que visitantes, pacientes e equipe médica chegam a se esbarrar no corredor. 

“Eles são heróis aqui pelo que fazem”

Em uma conversa com este familiar de um paciente, a falta de organização fica ainda mais evidente. Ele está no hospital desde as primeiras horas do dia e chega a afirmar que os corredores já ficaram mais cheios. 

“Tá até vazio, você precisa ver isso de manhã, de madrugada. Tem vezes que não tem como nem colocar a maca. Voltou lotar agora de novo. Nunca vi assim. Rapaz do céu. Eles são heróis aqui pelo que tem e o que eles fazem”, disse. 

Na conversa, ele revela que o pai está aguardando para passar por uma cirurgia, mas mesmo depois de mais de 12 horas dentro do hospital, não tem qualquer tipo de informação.

Repórter: Você está esperando o que aqui?

Homem: Meu pai... Meu pai veio fazer cirurgia e ele não sabe nem o dia e nem a hora. 

Repórter: Cirurgia do que? 

Homem: Ele fraturou o braço

Em seguida, mais um homem que está preocupado com a situação do pai, que está internado, mas os médicos não dão informações sobre quais procedimentos terá que passar. 

“Cheio e ninguém da informação de nada”, disse. 

Durante a conversa com a nossa equipe, passa o médico, que é abordado ali no corredor mesmo. O filho quer informações sobre o pai. De repente, passa um homem na maca com a equipe médica do Corpo de Bombeiros. Não há nenhum tipo de entrada diferenciada para o caso. 

Quando o médico se afasta informando que o pai irá realizar uma tomografia, o familiar revela que outro médico tinha o avisado que o pai já havia feito a tomografia. Mais uma confusão em procedimentos. 

A caminho da saída do hospital, os pacientes ficam nas macas em um corredor próximo à entrada da UTI, a poucos metros de outras pessoas com condições de saúde graves. 

O que diz a Prefeitura de São Paulo

A reportagem pediu uma entrevista com o secretário municipal de Saúde de São Paulo, Dr. Luiz Carlos Zamarco, mas ele afirmou incompatibilidade com a agenda. 

Em seguida, Luiz Carlos reconheceu os problemas da unidade e afirmou que, há 15 dias, a prefeitura identificou a superlotação e trocou o diretor do hospital. Além disso, o secretário disse que os funcionários estão sendo treinados para desafogar o volume de pacientes. 

Em nota, a prefeitura de São Paulo disse que o hospital “passa por reformas para revitalizar e modernizar sua estrutura física, além de melhorar as condições de acessibilidade e assistência”. Veja na íntegra: 

“O número de leitos será ampliado em mais de 50%, passando de 299 para 450. A unidade contará também com uma nova maternidade. É importante destacar que o hospital é voltado para casos de alta complexidade, e a gestão prioriza o atendimento integral dos pacientes, desde a entrada até a alta médica". 

Apesar na nota de dizer que o hospital passa por reformas, a reportagem não encontrou nenhum operário trabalhando.

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