Guerra entre contraventores do jogo do bicho se torna em vinganças e execuções no RJ

Um problema que dura décadas, deixa dezenas de vítimas e parece longe de acabar

Por Marcus Sadok

A guerra entre contraventores do jogo do bicho se tornou vinganças e execuções no Rio de Janeiro. O empresário Manoel Agostinho Rodrigues de Miranda, de 66 anos, foi morto após assassinos atirarem 40 vezes no carro da vítima.

O crime aconteceu, na manhã de domingo, em Del Castilho, na zona norte do Rio. Manoel era sócio de uma loja de jogos eletrônicos e amigo de um dos bicheiros mais conhecidos do estado, Luizinho Drummond, patrono da Imperatriz Leopoldinense, morto vítima de um AVC, em julho de 2020.

Segundo testemunhas, Manoel aguardava a esposa dentro do veículo, próximo ao shopping Nova América, quando bandidos armados se aproximaram e efetuaram cerca de 40 disparos. Pelo o menos dois criminosos participaram da execução, e ainda voltaram para efetuar mais disparos na vítima. Dentro do carro, havia um maço de dinheiro em espécie.

A delegacia de homicídios abriu inquérito para apurar a morte. A principal linha de investigação aponta para um desentendimento no jogo do bicho, já que Manoel seria um dos responsáveis por pontos da contravenção ligados ao grupo de Luizinho Drummond. Mais um ataque de bicheiros, que não se importam em executar inimigos mesmo a luz do dia.

Manoel se junta a uma lista de mortos, nos últimos anos pelos assassinos de aluguel do bicho. Em junho desse ano, a vítima foi o dono de um bar de Vila Isabel, na zona norte. Antônio Chaves foi morto com mais de 20 tiros, também, em uma manhã de domingo.

De acordo com testemunhas, dois suspeitos em uma moto aguardaram Antônio sair do bar e, em seguida, efetuaram os disparos contra seu carro. Por trás do crime, a disputa por pontos da contravenção, já que no estabelecimento a polícia encontrou máquinas caça-níquel.

Um ano antes, ali perto, na tijuca mais uma execução relacionada ao jogo do bicho. Bandidos encapuzados desceram do veículo fortemente armados e mataram Fernando Marcos Ferreira Ribeiro, de 41 anos.  Segundo a polícia, Fernando tinha quatro anotações criminais por jogo de azar. Seis meses depois, três homens foram presos acusados de participação no crime.

Uma rotina de assassinatos sem precedentes e que, em muitos casos, não se sabe quem matou e quem mandou matar. Os promotores do ministério público do Rio procuram há quatro anos o mandante da execução de um dos bicheiros mais conhecidos do Rio de Janeiro.

Alcebíades Paes Garcia, o “Bid”, foi morto com dezenas de tiros por homens encapuzados na porta de um condomínio da Barra da Tijuca, na Zona Oeste. Bid era ligado a família que controlava o Salgueiro e o jogo do bicho na região.

Para o MP, o autor intelectual do assassinato é Bernardo Bello, que está foragido e é investigado por outros crimes, como a tentativa de assassinato de Shana Garcia, sua ex-cunhada e sobrinha de Bid. Ela foi atacada em um estacionamento de um shopping.

Enquanto as autoridades buscam por Bernardo Bello, seu principal rival e maior bicheiro do estado, Rogério Andrade teve o mandado de prisão revogado e não precisa mais usar tornozeleira eletrônica. Em uma guerra que dura décadas, deixa dezenas de vítimas e parece longe de acabar.

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