Uma espécie de neblina cinzenta tem tomado conta do céu de São Paulo e outras cidades brasileiras. Esta não é apenas uma das inúmeras consequências das queimadas históricas na floresta amazônica e no Pantanal. A fuligem tem sido transportada por correntes de vento conhecidas como “jatos de baixos níveis”.
Ao Brasil Urgente, o especialista do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Saulo Freitas, explicou que fuligem tem sido transportada por correntes de vento conhecidas como “jatos de baixos níveis”.
“A maior parte dessa poluição que nós estamos respirando aqui na região sudeste, envolvendo também o centro-oeste e parte do sul do brasil vem sendo transportada pelos ventos chamados jatos de baixos níveis, que sopram o ar da Amazônia para a região sul”, disse.
O especialista destaca que os ventos são importantes para o clima porque levam a umidade da Amazônia ao sul, mas que o cenário é diferente por conta das queimadas.
“Esses ventos são importantes porque eles trazem umidade da Amazônia que produz chuva no sul. Não é o caso neste momento, mas ao longo do ano, estes são os ventos que trazem a umidade para produzir chuva, para as lavouras, para o pasto e para atividades diárias para as pessoas mais na região sudeste”, explicou.
A fumaça, que tem partículas de monóxido de carbono, entre outros gases tóxicos, como dióxido de nitrogênio e ozônio, é um fator de risco para populações idosas, crianças e pessoas com problemas respiratórios.
As partículas finas, ao serem inaladas, entram nos pulmões e podem ficar depositadas nos alvéolos, podendo causar irritação ou até uma inflamação mais grave.
A situação pode ficar ainda pior, já que o tempo seco e as altas temperaturas ainda devem se estender pelos próximos dias.
Nesta semana, o Inmet, Instituto Nacional de Meteorologia, emitiu um alerta laranja de perigo para baixa umidade em 15 estados e o Distrito Federal. Nestes locais, a umidade relativa do ar não deverá passar dos 20%, o que aumenta os riscos de incêndios florestais e à saúde da população.
Um levantamento do Instituto apontou que, nesta terça-feira (3), ao menos 244 cidades brasileiras registraram umidade relativa do ar menor ou igual à do deserto do Saara, que varia entre 14% e 20%. Entre os dez municípios com os piores índices, três estão em São Paulo.
As cidades de Barretos, Marília e Tupã, no interior da capital paulista, registram apenas 7% de umidade do ar.
Em situações como estas, o especialista indica adotar algumas medidas, como beber bastante água e evitar atividades físicas ao ar livre entre dez da manhã e quatro da tarde.
“A recomendação é ficar mais dentro de ambientes fechados mais protegidos da poluição/ e não fazer nenhuma atividade física para você não inalar uma quantidade substancial, uma quantidade a mais dessas partículas de fumaça e dos gases”, explicou.