Alicia Müller, formanda de medicina da USP que desviou quase R$ 1 milhão da conta da comissão de formatura, confessou, nesta quinta-feira (19), que usou parte dos valores para benefício próprio.
Segundo a delegada Zuleika Araújo, que conversou com José Luiz Datena no Brasil Urgente, Alicia contou em depoimento que teria usado parte do valor para pagar “aluguéis de apartamento, de carros, está comprovado o crime de apropriação indébita”, afirmou.
A delegada contou que Alicia teria confessado que retirou o dinheiro da Ás Formaturas, porque achava que não era bem administrado. “Ela realmente tirou esse dinheiro da empresa, ela alega que tirou porque achava que não era bem administrado, ela resolveu aplicar por conta próprias as quantias", contou.
Segundo Alicia, ela fez péssimas aplicações e perdeu os valores. “Ela tentou recuperar de várias formas, fazendo apostas”, disse a delegada. Zuleika pontua que a pena de Alicia poderá chegar a quatro anos de prisão e pagamento de multa.
Nota da empresa envolvida no caso
Em nota para a Band, a Ás Eventos afirma que fora contratada apenas para a arrecadação dos valores pagos pelos formandos e para a cobertura fotográfica dos eventos. Ela explica que há critérios para retirada de dinheiro pela comissão, estabelecidos em contrato
“Nos termos da cláusula 1.7.4 do Contrato, o repasse dos valores arrecadados poderia ocorrer ‘para conta definida pela comissão de formatura, podendo ou não ser de titularidade da mesma’”, afirma.
"Na mesma linha, a cláusula 1.6 do Contrato ainda estabelece que 'a contratada após a transferência dos valores para conta estipulada nesse contrato ou para contas definidas pela contratante, não possui a menor responsabilidade legal ou tributária frente a fornecedores, Comissão de Formatura e principalmente Formandos”, pontua a nota.
Segundo a empresa, a conta bancária indicada foi a conta corrente da Presidente da Comissão. “Além disso, todas as transferências para a presidente da comissão foram comunicadas à Comissão de Formatura - que conta com 20 alunos – por meio de relatório gerencial e mensagens enviadas via e-mails e grupo de WhatsApp reunindo a comissão e a Ás”. Por fim, a empresa afirma que prestou esclarecimentos à polícia e ao Procon.
Ganhos na loteria
A descoberta dos prêmios ocorreu após a abertura de inquérito policial pelo DEIC de São Bernardo do Campo em julho de 2022, com o objetivo de investigar um suposto golpe de Alicia na lotérica. Os proprietários da lotérica afirmaram para a Polícia que Alicia fazia apostas diárias desde abril de 2022 no valor de R$ 9.690, todas pagas por Pix.
Três meses depois, a estudante já tinha gasto R$ 461 mil e fez amizade com o gerente da lotérica. Então, Alicia tentou fazer de uma vez só um conjunto de jogos na Lotofácil no valor total de R$ 891.530. A gerente desconfiou e Alicia teria apresentado um comprovante de agendamento no valor da aposta.
A gerente então pediu o pagamento imediato. Na tentativa de ludibriar a funcionária, a estudante fez uma transferência de R$ 891,53. A tática não funcionou, mas enquanto cliente e gerente discutiam, a operadora de caixa já havia efetivado apostas no valor de R$ 193.800. Alicia pegou os jogos efetivados e foi embora.
A polícia investiga se este caso de São Bernardo do Campo tem relação com o desvio de mais de R$ 900 mil de alunos de medicina da USP. A jovem era presidente da comissão de formatura da turma.