Em coletiva de imprensa nesta segunda-feira (11), o secretário de segurança de São Paulo Guilherme Derrite disse que a corregedoria da polícia vai investigar a conduta dos quatro policiais militares que estavam na escolta de Vinicius Gritzbach, executado no terminado do Aeroporto de Guarulhos na última sexta (8). Segundo Derrite, os oficiais estavam fazendo a escolta de um homem acusado de ser mandante de dois homicídios - as mortes de Cara Preta e Sem Sangue, ligados ao PCC.
“Os celulares de todos esses policiais que estavam no dia lá no aeroporto de Guarulhos, foram apreendidos. Eles já foram chamados pela corregedoria da polícia militar, que terão que explicar por que só o simples fato de realizarem um serviço para um criminoso já configura uma transgressão disciplinar, que não é permitida. Além disso, estavam fazendo isso para o indivíduo criminoso. Ele era um criminoso condenado em alguns processos que já foi preso, então, não há que se falar apenas em transgressão disciplinar, mas sim, é um eventual cometimento de um crime militar por parte desses policiais militares. Já existe um inquérito policial militar instaurado pela corregedoria da polícia militar. Apurando a conduta criminal dos policiais militares”, disse Derrite em coletiva.
A polícia investiga a conduta dos PMs e apura se eles falharam no esquema de segurança de propósito. Eles tiveram os celulares apreendidos, após a execução do empresário no maior e mais movimentado aeroporto do país, em Guarulhos, na região metropolitana de São Paulo. Na hora do ataque, apenas um dos seguranças estava no aeroporto. O PM, mais três colegas de farda, o filho e o sobrinho de Vinicius Gritzbach, saíram do Tatuapé, na zona leste da capital, e seguiram em dois carros blindados com destino ao aeroporto de Guarulhos.
Eles contaram em depoimento que pararam em um posto de combustível, perto do aeroporto, para aguardar o contato com a chegada de Vinicius e quando receberam a ligação, perceberam que os dos veículos apresentava um problema mecânico.
A namorada de Gritzbach, que retornava com ele de viagem de Maceió (AL), foi ouvida e teve o celular apreendido
Além do empresário, mais três pessoas foram baleadas no ataque da última sexta-feira no maior aeroporto do país. Um deles, o motorista de aplicativo, Celso Araújo Sampaio de Novais, de 41 anos, baleado nas costas com um tiro de fuzil. O motorista chegou a ser socorrido, mas morreu no hospital. As três vítimas baleadas não tinham relação com Vinicius.
SSP monta força tarefa para investigar execução de Gritzbach
Na mesma coletiva de imprensa, o secretário de segurança de São Paulo anunciou que a SSP e outras forças de segurança, montaram uma força tarefa para investigar a execução de Vinicius Gritzbach.
Segundo o secretário, os investigadores têm o carro usado pelos criminosos, armas encontradas no carro e em um local próximo do aeroporto de Guarulhos. Agora eles buscam também rastros digitais para tentar localizar e identificar os criminosos.
Quem era Vinícius Gritzbach
Um tiroteio no Terminal 2 do Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, nesta sexta-feira (8),teve como alvo o empresário Antônio Vinicius Gritzbach, que acabou executado após ser atingido por 10 disparos de fuzil e metralhadora. A ação criminosa, com pelo menos 30 disparos, feriu outras duas pessoas e causou a morte de um motorista de transporte por aplicativo que estava no local. A suspeita do ataque é atribuída a membros do PCC, já que Vinícius está envolvido em um caso ligado à execução de uma liderança da facção: Anselmo Santa Fausta, o “Cara Preta”.
Gritzbach desembarcou no local após uma viagem para Maceió (AL). O empresário tinha R$ 1 milhão na bagagem em joias no momento que foi baleado. Entre os itens estavam pedras preciosas, colares, correntes, anéis, brincos, pulseiras e até um relógio Rolex.
O empresário seria uma espécie de “tesoureiro” de ativos do PCC, como criptomoedas e imóveis, para lavar parte dinheiro oriundo crime organizado. O Ministério Público de SP estima que esse valor poderia chegar a R$ 2 bilhões.
Com informações valiosas e detalhadas sobre as operações do PCC, incluindo a rede de contatos e origem de dinheiro ilícito, Gritzbach tornou-se uma peça importante para a polícia e o Ministério Público em delações. Contudo, a exposição de seu nome como delator aumentou os riscos que ele enfrentava desde as mortes dos membros da facção. Mesmo “jurado de morte" pela facção, Vinícius não quis entrar no programa de proteção de testemunhas oferecido pelo Ministério Público.