Em uma das conversas entre o chefão do PCC, Marcos William Hrbas Camacho, o “Marcola”, com a esposa, Cynthia Giglioli Herbas Camacho, ela relata que foi assaltada na via expressa da Marginal Tietê, em São Paulo.
No mesmo diálogo, Cynthia relatou que os assaltantes devolveram o celular e a transferência feita via PIX assim que perceberam que a vítima se tratava da esposa do líder do PCC. O fato foi revelado por ela ainda no ano passado, em visita de rotina no presídio.
A conversa também tratou do plano de fuga de Marcola, mas tudo em código. A ação foi descoberta pela Polícia Federal, que desvendou diferentes estratégias para retirar o líder da facção paulista da cadeia.
“Eu gostaria muito que, quando ele viesse aqui, ele viesse com a resposta se o cara vai vir ou não vai. Porque, daí, eu contrato outro. Entendeu?”, disse Marcola à esposa. Ela questiona: “Mas para quê?”. Marcola: “Para STF, STJ, essas coisas. Entendeu? E se o cara vai vir ou não vai vir. Se ele não vai, fala logo”.
Segundo a PF, a “instância superior” seria o plano de fuga. As inúmeras citações de “processos em instância superior” também acenderam o alerta nas autoridades.
As conversas dentro dos presídios federais de Brasília e Porto Velho chamaram a chamar atenção das autoridades há um ano e meio. Quando a operação “Anjos da Guarda” foi deflagrada, o plano de fuga estava prestes a ser executado.
Os termos “STF” e “STJ” se tratavam de, respectivamente, da invasão à Penitenciária Federal de Brasília e do sequestro de autoridades do Depen. No dia 5 de junho, em uma das conversas interceptadas, Valdeci Alves dos Santos, o “Colorido”, disse que o plano de resgate estaria 95% pronto.
Marcola foi transferido da Penitenciária Federal de Brasília para a Penitenciária Federal de Porto Velho em março deste ano. Somadas, as penas dele chegam a 342 anos de prisão.