O governador de São João, João Doria Jr. (PSDB), se mostrou disposto nesta quinta-feira (18) a adotar uma postura de enfrentamento a Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (sem partido) em uma possível disputa pela Presidência da República nas eleições de 2022.
Em entrevista ao Brasil Urgente, Doria criticou Lula e Bolsonaro, que lideram as pesquisas eleitorais até aqui, e se colocou com uma candidatura de centro. Apoiador da candidatura de Bolsonaro em 2018, o governador paulista afirmou que a decisão foi um erro que o PSDB não irá repetir.
“Eduardo (Leite, governador do Rio Grande do Sul e pré-candidato do partido à Presidência) e eu não vamos errar duas vezes. Aliás, foram milhões de brasileiros que foram enganados. Bolsonaro prometia algo que não entregou. Prometia um país mais honesto, prometia um país com uma economia que se desenvolvesse bem, a redução da miséria, a redução da pobreza, a desestatização do país. Nada disso aconteceu”, afirmou.
“Saímos de 10 milhões para 15 milhões de desempregados. Temos 30 milhões sem comida no prato. A busca da justiça com (o ex-ministro Sergio) Moro não veio. Moro foi demitido e foi hostilizado pelo governo Bolsonaro. As promessas se dissolveram. E, para piorar, o negacionismo da pandemia. Ele nos chamou de covardes e maricas por usar máscara. Eu não entendo assim. Entendo que pessoas procuraram saúde, em defesa da ciência. Um conjunto de erros fez eu e você se tornassem frustrados diante de promessas não cumpridas. Os brasileiros não vão errar pela segunda vez.”
Defensor da posição do PSDB como uma candidatura de centro, o governador de São Paulo também fez críticas aos ex-presidentes Lula e Dilma Rousseff.
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“Vejo Bolsonaro perdendo força. Pesquisas indicam isso. Vejo estabilidade do Lula, que está quieto no canto. Se eu for candidato, farei o enfrentamento necessário. Não esqueço dos erros. Não fujo do debate. Precisamos ter candidatura de centro. De preferência uma fortalecida – porque, se formos divididos, isso vai privilegiar Lula e Bolsonaro”, analisou Doria, que foi além e disse que “um deseja o outro” na campanha.
“Lula não fala mal de Bolsonaro. Bolsonaro não fala mal de Lula. Porque, para ambos, o melhor cenário é que um enfrente o outro no segundo turno. Se o PSDB, com apoio de outros partidos, tiver um nome capaz de enfrentar Lula e Bolsonaro, esse cenário vai mudar. Lula terá que responder por que fez Mensalão e assalto a dinheiro público na Petrobras. E Bolsonaro, pelos equívocos que cometeu, pelo negacionismo, pela inflação de 10,67%, pior inflação dos últimos 10 anos. Nem Dilma fez algo tão nocivo para a população. Subiu gás, arroz, feijão, farinha, tudo subiu”, completou.
Ao longo da entrevista, Doria fez críticas ao trabalho do governo Bolsonaro no combate à pandemia da Covid-19, especialmente na busca por vacinas contra a doença.
“São Paulo viabilizou vacina. Não fossemos nós, Brasil teria começado a vacinação quatro meses depois. (O ex-ministro da Saúde, Eduardo) Pazuello disse que começaria no final de abril. Indagado, ele disse: ‘Pressa para quê?’. Graças à nossa insistência e com apoio do STF, trouxemos a vacina disponível. Houve qualificação da Anvisa. Salvamos milhões de vidas. Todas as vacinas são boas. O importante era ter um cardápio de vacinas. E, graças a Deus, em todo lugar do Brasil, fui aplaudido como alguém que ajudou a trazer vacina. Isso, para mim, é o mais importante, independente de qualquer efeito eleitoral”, afirmou.
Prévias do PSDB
O PSDB ainda não definiu quem será seu candidato em 2022. Até aqui, três nomes disputam eleições prévias no partido: João Doria, Eduardo Leite e Arthur Virgílio. Para Doria, independente de quem vença, o resultado será positivo para a sigla.
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“Costumo dizer que sou filho das prévias. Vencemos as prévias da Prefeitura (de São Paulo para a eleição de 2016) e para o governo (para 2018). Agora, o PSDB faz prévias para indicar presidente da República. O tema dominou o Brasil. Eduardo Leite e Arthur visitamos o mesmo número de estados. Em cada estado, você tem dialogo com imprensa, com a população, e cria um caldo construtitivo e democrático que sociedade precisa ter”, afirmou Doria.
O governador paulista classificou o processo do PSDB até aqui como “construtivo” e celebrou a disputa de prévias na sigla – o que, segundo ele, dá projeção à candidatura.
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“Virgílio e Leite fizemos boas prévias e nos tratamos com respeito. Isso é valorizar a democracia e a liberdade. Nos respeitamos porque, na segunda-feira (22), teremos um vencedor e nenhum derrotado. O grande vitorioso será o PSDB, a democracia e a população. Aquele que extrair mais votos será a terceira via do PSDB e poderá construir melhor via com outros partidos. Eu me posiciono nas prévias porque não desejo nem Lula e nem Bolsonaro. Nem o tempo passado, com equívocos -- Petrolão, Mensalão --, nem equívocos do atual governo. Há um caminho de centro que pode ser trilhado pelo PSDB e outros partidos”, completou.
Para Doria, independente de quem vencer as eleições tucanas, será necessário ter “um bom diálogo” com outros nomes que devem concorrer à eleição presidencial em 2022 como alternativas aos dois nomes que lideram as pesquisas.
“O vencedor do PSDB, no domingo, terá bom diálogo com (Sergio) Moro, (Rodrigo) Pacheco, (Luiz Henrique) Mandetta, que também é boa pessoa. A democracia parte do princípio do entendimento, mas sempre com objetivo de defesa dos brasileiros, educação, saúde, habitação, segurança, proteção social. Nada melhor para isso do que democracia.”
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O governador, filiado ao PSDB desde 2001, descartou a possibilidade de trocar de partido caso saia derrotado na disputa interna para a presidência. E garante que a decisão é a mesma entre os três pré-candidatos da sigla.
“Leite e Virgílio falamos ontem que continuaremos no PSDB. Não há motivo para sair. Estamos cumprindo um rito democrático no sentido de defender brasileiros, apenas com ideias diferentes. O contraditório aperfeiçoa as pessoas. Nós três continuaremos no PSDB. E o grande vitorioso será o PSDB, porque fizemos prévias com dignidade e respeito”, prometeu.