Empresário acusado de mandar matar integrantes do PCC diz ter sofrido atentado

Vinícius Gritzbach, suspeito de ser o mandante das mortes de Cara Preta e Sem Sangue afirma que tiros atingiram a janela dele

Por Mark Figueredo

Vinícius Gritzbach, suspeito de ser o mandante das mortes dos membros “Cara Preta" e “Sem Sangue”, lideranças do PCC, afirma que tiros atingiram a janela dele na noite de segunda-feira (25). Ele chamou a Polícia Militar para o apartamento dele no Tatuapé, zona leste de São Paulo. 

O tiro teria acertado vidraças da sacada do imóvel dele de luxo, que fica no quarto andar de um prédio na região. Os policiais afirmaram que não foi encontrado nenhum projétil no apartamento. Uma equipe do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa, o DHPP, esteve no imóvel com peritos. 

Vinícius Gritzbach disse aos policiais que estava na sacada do apartamento fazendo imagens da lua quando foi atingido no braço por estilhaços do vidro da sacada. Ele afirma que foi vítima de um atentado. 

Apesar de dizer ser vítima de atentado, ele não quis prestar depoimento, mas afirma correr risco de morte e que sofre ameaças por parte do PCC. Neste ano, ele chegou a dizer que foi sequestrado.

Vinicius é acusado de mandar matar Anselmo Santa Fausta, o “Cara Preta”, e Antônio Corona Neto, o “Sem Sangue”. Os dois foram executados a tiros de fuzil no bairro do Tatuapé em 2021. Ele chegou a ser preso pela polícia com mandado de prisão preventiva, mas foi solto após decisão do STJ em junho, com o uso de tornozeleira eletrônica.

O empresário do ramo imobiliário passou a entrar na mira do PCC após ser acusado de desviar R$ 500 milhões do tráfico de drogas e investido em moedas virtuais a pedido da facção. Ele é acusado de mandar matar os dois traficantes no Tatuapé.  

Pelo menos mais quatro pessoas já foram investigadas pelas mortes das lideranças do PCC na zonal leste da capital

A morte de Cara Preta, no fim de dezembro de 2021, desencadeou uma série de outros crimes na época. Semanas após a execução, dois corpos foram encontrados decapitados ao lado de bilhetes que sugeriam um acerto de contas pela morte do chefe do PCC. O suposto executor teria sido morto pelo próprio crime organizado. Identificado como Noé Alves Schaun, ele foi decapitado, e sua cabeça foi deixada em uma praça do bairro do Tatuapé. De acordo com as investigações, ele teria sido contratado para “matar um agiota” e executou a dupla sem saber que, na verdade, estava atirando em um dos maiores traficantes do país.

“Cara Preta” está envolvido em roubo de aeroporto e tráfico internacional

Investigações sobre o roubo de 770 quilos de ouro no aeroporto de Guarulhos, em 2019, apontam que “Cara Preta” financiou aquela ação. Parte da quadrilha envolvida no roubo milionário foi presa, e alguns integrantes foram até condenados pelo roubo da carga, hoje avaliada em mais de R$ 250 milhões. 

De acordo com o Ministério Público, o traficante morto era peça chave da logística do tráfico internacional de drogas e responsável pela rota da cocaína entra a Bolívia, o Brasil e a Europa a partir do Porto de Santos (SP). É o setor mais lucrativo dentro do crime organizado, que deu fortunas a nomes como Gegê do Mangue, André do Rap e Anderson Gordão.

Apesar da posição de destaque no crime organizado, “Cara Preta” foi preso poucas vezes, e sempre por crimes menores. Era considerado pela polícia um alvo difícil, por ser um criminoso discreto. 

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