O ciclone que atingiu o Sul do Brasil deixou mortos, milhares de desabrigados e um rastro de destruição no Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Em Muçum, cidade ao norte do RS, 15 mortos foram confirmados e, no total, 32 pessoas morreram nos dois estados.
Nilson Pereira enfrenta o momento mais difícil da vida aos 83 anos. Ele perdeu esposa, irmã e cunhado na tragédia que atingiu o Rio Grande do Sul. O idoso conta que ele e a esposa ficaram ilhados dentro de casa em Muçum, enfrentando a força das águas do rio Taquari, que aumentaram rápido durante o temporal.
Após horas tentando proteger a si próprio e a esposa, a companheira com quem dividiu a vida por 65 anos, ela não teve mais forças para enfrentar as águas e se soltou do marido. “Eu me pendurei na janela, a água subia, subia, ela estava pendurada no meu braço, mas horas depois ela sumiu e morreu afogada”, lamenta Nilson.
Nilson ficou preso na água, pedindo ajuda, mas muitos estavam na mesma situação. Pela manhã, quando a água baixou, ele encontrou o corpo da esposa. “Eu sabia que ela estava por ali, a água foi baixando e vi”, conta. A irmã e o cunhado de Nilson tiveram a casa invadida pela forte enxurrada e os dois e a cuidadora que estava na casa não resistiram.
Muçum é uma das cidades mais atingidas pelas consequências do ciclone extratropical. Segundo a Defesa Civil, 85% do município ficou destruído. Só na região central, 15 moradores foram encontrados mortos, em uma mesma casa, tentando se proteger das chuvas.