Caso Vitória: perito forense explica o que causou morte de adolescente

Certidão de óbito da adolescente apontou anemia hemorrágica traumática, hemotórax e ruptura da aorta ascendente

da redação

A certidão de óbito de Vitória Regina de Sousa, de 17 anos, apontou anemia hemorrágica traumática, hemotórax e ruptura da aorta ascendente. O agente perfuro cortante foi uma faca ou canivete. 

O Brasil Urgente conversou com o perito forense Cleiton Sá, que explicou o que causou a morte da adolescente.

Anemia hemorrágica traumática

Segundo o perito, a anemia hemorrágica traumática significa perca total do sangue, ou seja, a jovem perdeu todo o volume de sangue até a morte. 

Hemotórax

O hemotórax é a perfuração do pulmão. Na certidão de óbito não aponta se o hematoma foi em um ou nos dois pulmões. “Pelo ferimento que tem na Vitória, o hemotórax foi unilateral, que seria um lado do pulmão perfurado”, explicou o perito. 

Ruptura da aorta ascendente

O perito Cleiton Sá explicou que a jovem também sofreu um corte no pescoço. 

O que causou os ferimentos? 

A certidão de óbito aponta que o agente perfuro cortante aponta para ferimentos causados por um objeto afiado: uma faca.

“Ela teve uma perfuração na parte do pulmão, no lado esquerdo. A parte que deu maior ruptura sanguínea foi a parte da aorta, que é no pescoço, onde ela sangrou, infelizmente, até a morte. É uma artéria de grosso calibre, como é uma artéria femoral, que se não for feito o atendimento rápido de urgência, de estancamento, de levar para um hospital rápido, a pessoa rapidamente perde a vida”, explicou o perito.

Tecnologia recupera dados do celular do suspeito 

Um equipamento de origem israelense, o Cellebrite, conseguiu recuperar arquivos apagados do celular de Maicol. Entre eles, fotos de Vitória e de outras jovens com características físicas semelhantes. Para a investigação, isso pode indicar uma fixação do suspeito na vítima e reforçar a suspeita de um crime premeditado.

Investigação 

E um novo elemento surge na investigação. O mecânico do pai de Vitória também fazia serviços para Maicol. No dia do desaparecimento da jovem, o carro do pai dela estava na oficina. O suspeito pode ter visto o veículo na mecânica ou até mesmo ter obtido informações sobre ele estar danificado. E exatamente isso pode ter sido um gatilho para o crime

Outra peça desse quebra-cabeça é o depoimento de um homem apontado como melhor amigo de Maicol. Ele compareceu à delegacia, mas estava embriagado. Por isso as declarações não foram colhidas. A polícia aguarda um novo depoimento dele na segunda-feira.

Algumas respostas podem estar nos laboratórios da polícia técnico-científica. Os peritos analisam o sangue encontrado na casa de Maicol, que pode ter sido usada como cativeiro e no tapete do Corolla prata.

Também são analisados fios de cabelo achados no carro do suspeito e na mata onde o corpo foi deixado. Durante a semana, Maicol foi ao IML para exame de DNA e coleta de impressões digitais. 

Desaparecimento de Vitória 

A Vitória trabalhava em um shopping da região e desapareceu na noite de 26 de fevereiro, quando voltava para casa após o expediente. Imagens de câmeras de segurança mostram Vitória caminhando em direção a um ponto de ônibus –  trajeto que costumava fazer diariamente. 

Dois homens em um carro pararam brevemente para conversar com ela. Desconfiada da abordagem, a jovem enviou mensagens para uma amiga, expressando seu desconforto com a atitude da dupla. 

Enquanto ela ainda estava no local, outros dois homens chegaram ao ponto e também permaneceram ali. Os três embarcaram no ônibus, mas, segundo Vitória, eles teriam descido antes dela.

De acordo com o  depoimento do motorista do ônibus, ela desceu sozinha no mesmo local de sempre, em uma estrada de terra do bairro Ponunduva, região de chácaras onde vivia com a família. Esse foi o último lugar onde foi vista.

Quando Vitória foi encontrada?

O corpo de Vitória foi encontrado na tarde de quarta-feira (5) em uma área de mata fechada em Cajamar, a cerca de 5 quilômetros de sua casa, já em estado avançado de decomposição. Ela foi identificada pelos familiares através de uma tatuagem de borboleta na perna e um piercing no umbigo.

O corpo foi encaminhado ao IML de São Paulo, onde exames revelaram sinais de tortura e indentificou marcas de facadas no pescoço, rosto e tórax, tido como o ferimento fatal. A Polícia não divulgou informações sobre possíveis sinais de abuso sexual.

O delegado do caso, Aldo Galeano, disse ao Brasil Urgente que a garota estava com o cabelo raspado, degolada e apresentava vestígios de sacos plásticos nas pontas dos dedos, o que indicaria uma tentativa dos envolvidos de se protegerem contra possíveis arranhões, uma vez que isso poderia deixar material genético dos criminosos nas unhas da vítima.

Galeano acredita que, dada a crueldade do crime, seria pouco provável o envolvimento de uma única pessoa. O fato da jovem ter tido seu cabelo raspado também indica que o crime tenha acontecido por vingança, padrão frequentemente visto em casos de envolvimento passional com alguma pessoa ligada ao crime organizado.

A Polícia também acredita que o local onde Vitória foi encontrada não é o mesmo onde o crime aconteceu. Pelo nível de decomposição do corpo, estima-se que ela tenha sido morta no fim de semana e seu corpo estivesse no local há pelo menos quatro dias.

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