A Justiça de São Paulo condenou um dos envolvidos na morte do ambientalista Adolfo Souza Duarte, conhecido como Ferrugem. A condenação por júri popular foi de 19 anos de prisão e acontece após mais de dois anos do crime.
O homem condenado é Mauricius da Silva, de 26 anos, que foi considerado culpado pelo Tribunal do Júri pelos crimes de homicídio triplamente qualificado, por motivo fútil, emprego de asfixia e recurso que impediu a defesa da vítima, além de ocultação de cadáver.
O júri foi formado por cinco mulheres e dois homens. O julgamento, que durou dois dias, aconteceu no Fórum Criminal da Barra Funda, na zona oeste de São Paulo.
Foram ouvidas ao todo nove testemunhas, sendo sete de acusação, uma da defesa e outra comum as partes. Como Mauricius apresentava condenação anterior, a juíza entendeu que ele era reincidente, o que fez com que a pena aumentasse. Ele já estava preso desde outubro de 2022, no Centro de Detenção Provisória de Guarulhos II, na região metropolitana de São Paulo.
Amigo de longa data de Ferrugem, William acompanhou todo o julgamento de perto. Ele, inclusive, foi uma das testemunhas de acusação.
"Foram dois dias muito intensos, lá no Tribunal de Justiça. Foram mais de 30 horas de julgamento, analisando vários laudos e depoimentos. E assim, o contexto da pena, o primeiro condenado pegou 19 anos, 2 meses e 11 dias, a gente está de certa forma até satisfeito com a pena que ele pegou dentro do parâmetro da justiça, das condenações e todos os agravantes que ela trouxe. Agora a gente espera ansiosamente também pelo desfecho do próximo julgamento, que o próximo réu tenha uma pena tão alta quanto esse pegou", disse à reportagem do Brasil Urgente.
O outro réu do caso, e que ainda aguarda pela data do julgamento, é Vithório Alax Silva Santos, de 25 anos. Ele também está preso desde 2022. A promotoria aponta Vithório como o responsável por tomar a decisão de assassinar Ferrugem e, em seguida, ser o responsável por matá-lo.
Além de Vithório e Mauricius, as duas mulheres que também estavam no passeio de barco pela represa, chegaram a ser presas temporariamente apontadas de participação no crime, porém, as duas foram liberadas após a Justiça decidir que elas não tinham envolvimento direto com a morte do ambientalista.
Relembre o caso
O crime aconteceu em 1º de agosto de 2022. Vithório, Mauricius e duas jovens foram até a represa Billings durante a tarde para um evento chamado "forró na balsa", que acontecia em um dos bares que fica praticamente na beira da água.
Os dois homens eram amigos há um tempo, e Mauricius tinha uma relação de proximidade com as garotas. No local, os quatro beberam cerveja e whisky, até que decidiram dar uma volta de barco. O dono da embarcação era Ferrugem, que fazia passeios pela represa com visitantes e turistas. Normalmente, o barqueiro costumava cobrar cinquenta reais por pessoa para a travessia. O grupo então combinou com Ferrugem.
O passeio que começou no final da tarde, só foi terminar já à noite. Em depoimento, os jovens contaram que continuaram bebendo durante o passeio, colocaram música, dançaram e em determinado momento Ferrugem teria deixado que os homens pilotassem o barco por alguns instantes. Além disso, as mulheres aproveitaram para fazer fotos e vídeos. Em uma das imagens, ferrugem aparece dançando com uma das jovens.
Quando já era noite o grupo retornou sem o barqueiro. E as pessoas que estavam no local perguntaram por Ferrugem. Naquele momento o grupo contou a primeira versão, de que ele e uma jovem tinham caído, mas apenas ela tinha sido resgatada. As pessoas estranharam porque Ferrugem conhecia a represa e sabia nadar. Foi este ponto que a polícia começou a questionar os jovens, e daí surgiram outras versões, que acabaram os complicando.
Na primeira versão apresentada pelo grupo, Ferrugem e uma das mulheres caíram do barco por causa de um solavanco. Ela foi resgatada, após os outros jovens jogarem uma boia para ela. Eles afirmaram que não conseguiram resgatar Ferrugem. Ainda no mesmo dia, bombeiros e policiais foram chamados e as buscas começaram a ser feitas.
Os quatro jovens foram levados para a delegacia responsável pela investigação. Inicialmente, os jovens afirmavam que ferrugem teria morrido afogado. Apenas cinco dias após o desaparecimento, o corpo de Ferrugem foi encontrado boiando próximo a uma das margens da represa Billings. Foi com o resultado da perícia que a investigação teve a primeira reviravolta.
Segundo o laudo, Ferrugem veio a óbito em razão de asfixia mecânica, sem sinais de afogamento. Ele tinha ainda lesões na região do pescoço, que podem ter sido causadas por um aperto com as mãos ou por um mata-leão, o que deixava claro que Ferrugem tinha sido morto por asfixia e só depois jogado na represa, além disso, a perícia informou ainda que o barco não "deu um tranco", como tinha sido dito pelos envolvidos nos primeiros depoimentos.
Após o resultado da perícia, os quatro jovens foram presos temporariamente. Para ajudar nas investigações e tornar mais claro o que aconteceu dentro do barco, a polícia fez duas reconstituições do crime, uma durante o dia e outra pela noite.