Margarida Bonetti não vai deixar a "mansão abandonada" localizada em Higienópolis, na região central de São Paulo. Uma das irmãs virá de Campinas para fazer companhia para a senhora de 63 anos até que a situação criada entorno do imóvel se acalme após a operação policial desta semana.
Uma empresa de limpeza também está sendo providenciada pela família para organizar e higienizar a casa.
O delegado Marcos Palhares, responsável pelo inquérito que apura denúncias de possível de abandono de incapaz, disse que a entrada da polícia na casa foi a pedido de um mandado de busca e apreensão que foi expedido pela Justiça para conferir a situação de vida de Margarida Bonetti.
A irmã que irá permanecer com a senhora que já foi investigada e foragida da justiça americana prestou depoimento à polícia e alega que Margarida possui condições de permanecer na casa e é lúcida.
Quem é Margarida Bonetti
A história de Margarida Bonetti, de 63 anos, herdeira de uma família rica de São Paulo e casada com o engenheiro Renê Bonetti, tem chamado atenção nas últimas semanas. Ela esteve na lista de procurados pelo FBI acusada de cometer crimes nos Estados Unidos, como trabalho análogo à escravidão e agressão contra sua ex-empregada doméstica. O casal foi denunciado à polícia americana no ano 2000.
Renê chegou a ser julgado, condenado e preso nos Estados Unidos, onde cumpriu pena, e foi solto. À época do julgamento, Margarida fugiu para o Brasil, onde vive até hoje na mansão em Higienópolis. O crime já prescreveu, como explicou a Delegada Elisabete Sato ao vivo no programa Brasil Urgente.
A história da mulher e do casarão ganharam interesse com o podcast “A Mulher da Casa Abandonada”, do jornalista Chico Felitti, na Folha de S.Paulo, que viralizou nas redes sociais.
Imóvel avaliado em R$ 10 milhões
A “casa abandonada” tem aproximadamente 500 m². São 10 m de largura e 50 m de comprimento. Mesmo com toda história por trás da moradora, o imóvel ainda é avaliado com um valor alto - corretores estimam cerca de R$ 10 milhões.
No processo de inventário da casa, em 2019, havia uma dívida de mais de 10 anos sem pagamento do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU). Segundo a Procuradoria-Geral do Município, atualmente, o imóvel não tem dívida ativa.
Disputa por herança
Além das questões tributárias, há uma briga judicial em curso. Outros herdeiros acusam Margarida de trocar a fechadura do portão e não dar a chave a mais ninguém. A casa está no nome do pai da acusada de escravizar a empregada doméstica.
Em documentos obtidos pela Band, há informações de um possível leilão do imóvel e também existem três processos relacionados ao inventário da casa, pois duas irmãs estão pedindo o direito a residência.
Uma das páginas do processo revela a fortuna que o pai da Margarida, Geraldo Vicente de Azevedo, deixou para os familiares. Ele tinha mais de US$ 5 milhões em moedas de ouro e prata além de barras de ouro no cofre, joias, obras de arte e pratarias.
Além da casa da Rua Piauí, em Higienópolis, a família deixou para trás uma fazenda na cidade de Delfim Moreira, em Minas Gerais. Mas essa herança acabou gerando uma disputa entre as filhas de Geraldo. Margarida, Rosa e Maria de Lourdes Vicente - a última brigada com as duas outras irmãs.