Band tem acesso à carta de acusada que matou namorado com brigadeirão a ex: 'Fui ameaçada'

Júlia de Andrade Pimenta teria mandado mensagem enquanto era procurada pela polícia e alegando que cometeu o crime sem estar 'bem das faculdades mentais'

Por Marcus Sadok

A acusada de matar o próprio namorado com um ‘brigadeirão' envenenado no Rio de Janeiro enviou uma mensagem para o ex, com quem também se relacionava, enquanto era procurada pela Polícia Civil. Júlia Andrade Pimenta afirmou na carta, obtida com exclusividade pela equipe da Band, que só matou o empresário Luiz Marcelo Antônio Ormond sob coação e ameaça. 

Na carta, ela afirmou que tudo ocorreu porque foi “fraca mentalmente, sofreu lavagem cerebral e foi ameaçada de morte”. Ao escrever para o ex, Júlia afirmou que o beijo dela em Luiz Marcelo antes da morte dele “foi fingido”. “Não passou disso, até porque ele estava sempre dopado, e eu fugia, não dormia nem no mesmo quarto”, diz a carta. 

“Então eu surtei. Ainda estou surtada, na verdade, estou muito pior, sem saber lidar com tudo isso. Ainda mais sem seu apoio. Eu preciso muito do seu amor, do seu apoio e do seu perdão. Me ajuda a enfrentar isso tudo, fica do meu lado", pediu Júlia, na carta. A acusada também citou que, se estivesse bem mentalmente, teria fugido com o ex. “Você e todos sabem que se eu estiver em plenas faculdades mentais, jamais teria feito nada disso, teria ido para o Chile com você. Você acha mesmo que eu estava sã?”, questionou. 

A carta teria sido escrita no último dia 30, quando Júlia ainda estava sendo procurada. “Esses dias eu estou em surto, me machuco, me recuso a comer, só choro. Estou tendo o apoio da minha mãe e Marina, mas você me acalma, me protege e eu me sentiria mais forte. Desculpa citar isso, mas a sua ex fez por prazer, além de não ter cuidado de você quando mais precisou, você implorou para voltar”, escreveu. 

No fim da primeira página da carta, Júlia Pimenta pede apoio do ex-namorado. “Por que não pode ao menos pensar em me dar uma segunda chance? Agora é a hora que eu mais preciso de você. Por favor, não me abandona. Fica do lado da sua mulher nesse momento difícil. Tenho certeza que daria a vida por você”, afirmou.

Júlia também citou o pai do ex, que seria advogado, na segunda página da carta. “Seu pai não quer pegar o caso por causa do beijo, mas como ele sempre diz: 'Não é o que você faz, mas o porquê faz'. Tenta entender o motivo se você puder, ele aceita me ajudar também”, afirmou. No fim da carta, ela pede mais uma vez pelo apoio do ex. 

Leia a carta na íntegra:

Precisava te encontrar para te contar o que aconteceu, mas dada minha situação, vai ser complicado no momento.

Eu sei que você está p*to comigo, se sente traído e enganado, e eu entendo. Mas queria que entendesse que eu estava sendo coagida e sob ameaça. Aquele beijo foi fingido e não passou disso, até porque ele estava sempre dopado, e eu fugia, não dormia nem no mesmo quarto.

Eu sei que não ameniza, mas tudo o que está acontecendo foi porque fui fraca mentalmente, sofri uma lavagem cerebral e fui ameaçada de morte, você e minha mãe também.

Então eu surtei. Ainda estou surtada, na verdade, estou muito pior, sem saber lidar com tudo isso. Ainda mais sem seu apoio. Eu preciso muito do seu amor, do seu apoio e do seu perdão. Me ajuda a enfrentar isso tudo, fica do meu lado.

Você e todos sabem que se eu estiver em plenas faculdades mentais, jamais teria feito nada disso, teria ido para o Chile com você. Você acha  mesmo que eu estava sã?

Esses dias eu estou em surto, me machuco, me recuso a comer, só choro. Estou tendo o apoio da minha mãe e Marina, mas você me acalma, me protege e eu me sentiria mais forte. Desculpa citar isso, mas a sua ex fez por prazer, além de não ter cuidado de você quando mais precisou, você implorou para voltar.

Por que não pode ao menos pensar em me dar uma segunda chance? Agora é a hora que eu mais preciso de você? Por favor, não me abandona. Fica do lado da sua mulher nesse momento difícil. Tenho certeza que daria a vida por você. E foi o que fiz, estou sem celular, os celulares da minha mãe e Marina estão hackeados e talvez o seu também esteja, então não sei como me comunicar com você. Pensei nessa carta. Quando ler, apaga a foto para não ficar salva. Me responde por carta também, ou então fala em código, sei lá. Mas me responde por favor.

Eu preciso ser internada. Estou com med de fazer coisas piores comigo mesma, mas não sei se vai rolar. Seu pai não quer pegar o caso por causa do beijo, mas como ele sempre diz: 'Não é o que você faz, mas o porquê faz'. Tenta entender o motivo se você puder, ele aceita me ajudar também.

Estou escrevendo essa carta vendo o jogo do Fluminense e eu só queria estar vendo com você. Eu vi que apagou nossas fotos do Instagram, talvez já tenha tomado sua decisão. Mas eu li as mensagens que escreveu, dizendo que sou sua vida e que quer viver comigo. Eu também quero, quero nossa casa, nosso filho. Eu só preciso passar por isso primeiro. Te imploro mais uma vez para não me abandonar quando mais preciso.

Sairemos mais fortes disso. Me apoia, por favor. Sem você, não vou aguentar. É muito pesado. Você me equilibra. Eu sinto muito por tudo isso, há poucos dias que minha mente foi liberta. Sei que é difícil, mas por toda nossa história, tenha piedade de mim. Preciso do seu amor. É claro que você confia menos em mim agora, mas isso eu reconquisto. Tenho medo de você me olhar diferente. Eu estou aqui, estou de volta.

Eu te amo, nunca amei ninguém e nunca vou amar. Me aceitando de volta ou não, te levarei para sempre comigo. Aguardo seu retorno, por carta ou por códigos. Eu sei que no fundo, você quer me perdoar. Preciso que cuide de mim e eu cuidarei para sempre de você. Seu abraço curaria muita coisa agora.

Entenda o caso

Júlia de Andrade Pimenta, de 29 anos, é a principal suspeita da morte do empresário Luiz Marcelo Antônio Ormond, de 44. O corpo dele foi encontrado em avançado estado de decomposição no apartamento onde morava, na capital fluminense. 

Ela era namorada da vítima e tinha acesso liberado ao prédio e ao carro do homem. A suspeita é que ela tenha matado o homem com o alimento, com o objetivo de roubar dinheiro e bens para pagar dívidas. Ela é acusada também de ter ficado na casa da vítima durante três dias. 

Segundo um laudo preliminar do Instituto Médico Legal, o corpo tinha diversas lesões e o perito encontrou uma pequena quantidade de achocolatado no sistema digestivo do homem. 

A mulher foi intimada a depor e, na delegacia, disse que tinha deixado a casa do namorado após uma briga e que ele estaria bem ao sair do imóvel. Ela foi liberada e não apareceu mais, até quatro de junho, quando se entregou. 

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