Além de Gritzbach, histórico de execuções do PCC tem juiz, policiais e até aliados

Execuções ousadas ordenadas pelo PCC, normalmente, ocorrem com armamento de grosso calibre, a qualquer hora e lugar, tal como ocorreu com Vinícius Gritzbach

Marcelo Moreira

As execuções do crime organizado são sempre marcadas por ações ousadas. São tiros de grosso calibre, a qualquer hora ou lugar. Os executores, quase sempre, não conhecem nem tiveram contato com os mandantes.

O último ataque nos moldes da máfia aconteceu no maior aeroporto do país, em Guarulhos na Grande São Paulo, num horário de intenso movimento e em meio às centenas de pessoas que voltavam de viagem.

Naquela ocasião, no dia 8 de novembro, Vinícius Gritzbach, delator do PCC, foi executado com trinta tiros de fuzil. A vítima entregou ao Ministério Público de São Paulo um dossiê sobre como funciona a maior facção criminosa do continente.

Execução de juiz

Essas execuções, a mando do PCC, acontecem há décadas. Em 2003, o juiz Antônio José Machado Dias, alocado em Presidente Prudente, no interior de São Paulo, foi assassinado quando saía do fórum.

Conhecido como “Machadinho”, o juiz foi executado com tiros de pistola. Os primeiros acertaram a cabeça.

O juiz foi assassinado a mando da liderança do PCC, porque era esse magistrado que cuidava dos processos que envolviam integrantes da máfia das drogas na região onde estavam presos os líderes da organização criminosa, como Marcos Camacho, o “Marcola”.

Cinco criminosos foram presos e condenados A morte de Machadinho foi o primeiro ataque do crime organizado ao Judiciário.

Policiais penais mortos

Três anos mais tarde, às vésperas do Dia das Mães, o PCC decretou o “salve geral”. Das cadeias paulistas, veio o recado para os integrantes da facção em liberdade. A ordem era atacar agentes de segurança.

O salve foi uma retaliação do crime organizado à determinação das autoridades de proibir as visitas de parentes as vésperas do Dias das Mães, na penitenciaria de Presidente Wenceslau, onde estavam as maiores lideranças da facção.

Em resposta, 80 presídios registraram rebeliões. Ao todo, 59 policiais e agentes penitenciários foram mortos. Mais de quinhentos suspeitos, muitos com passagens criminais, foram executados por forças de segurança.

Aliados em guerra

Em 2018, dois líderes do PCC foram executados no ceara. Rogerio Jeremias de Simone, o “Gegê do Mangue”, e Fabiano Alves de Souza, o “Paca”, foram levados de helicóptero até uma reserva indígena. Lá, foram mortos a tiros.

Eles foram acusados, pela liderança da facção, de desviarem dinheiro arrecadado com o tráfico internacional de drogas. As mortes geraram uma guerra interna na organização criminosa.

As execuções teriam sido encomendadas por Gilberto Aparecido dos Santos, o “Fuminho”, traficante ligado a Marcola. Uma semana depois, veio a vingança pelas mortes de Gegê e Paca.

Apontado como um dos mandantes do crime, Wagner Ferreira da Silva, o “Cabelo Duro”, um traficante com negócios no Porto de Santos, foi fuzilado na frente de um hotel, na região do Tatuapé, Zona Leste de São Paulo. Há suspeita de queima de arquivo para a vítima não delatar esquemas do PCC.

Morte de “Cara Preta”

Em 2021, as mortes de Anselmo Becheli Santa Fausta, o “Cara Preta”, e do motorista dele, Antonio Corona Neto, o “Sem Sangue”, abriu uma nova guerra dentro do PCC. Os dois também foram executados no Tatuapé

Cara Preta era um dos líderes do tráfico, na Zona Leste, e tinha forte influência dentro da facção. Gritzbach, assassinado agora, foi apontado pela polícia como o mandante do crime, já que era cobrado por desviar milhões de reais do PCC investidos por ele, na lavagem do dinheiro do tráfico, em imóveis e moedas virtuais.

Semanas depois, dois dos executores do duplo homicídio foram decapitados, a mando da liderança do PCC, em retaliação às mortes de Cara Preta e Sem Sangue, no chamado “tribunal do crime”.

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