Em comunicado conjunto divulgado na tarde desta sexta-feira (17), os governos do Brasil, Argentina, Chile e México afirmam que veem com “profunda preocupação” a decisão do governo de Israel de legalizar nove postos avançados (“outposts”) e construir dez mil casas em assentamentos existentes na Cisjordânia.
A postura do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é contrária à adotada pelo governo brasileiro nos últimos quatro anos. Com isso, o Brasil volta a se alinhar com a América Latina e condenar os assentamentos israelenses em território palestino.
De acordo com a nota divulgada nesta sexta, “as medidas unilaterais [de Israel] constituem graves violações do Direito Internacional e das resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas, especialmente a resolução 2.334 (2016), além de contribuir para elevar as tensões atuais”.
“Nossos governos expressam oposição a qualquer ação que comprometa a viabilidade da solução de dois Estados, na qual Israel e Palestina possam compartilhar fronteiras seguras e reconhecidas internacionalmente, respeitando as legítimas aspirações de ambos os povos de viver em paz”, diz a nota.
O documento termina dizendo que “os governos da Argentina, Brasil, Chile e México pedem a israelenses e palestinos que se abstenham de atos e provocações que possam promover nova escalada de violência e que retomem as negociações para chegar a uma solução pacífica para o conflito”.
Reação do Ocidente
Países do Ocidente criticaram na terça-feira (14) a decisão do governo de Israel de expandir os assentamentos na Cisjordânia num momento de tensão crescente na região.
As chancelarias de Alemanha, França, EUA, Itália e Reino Unido também divulgaram comunicado conjunto e disseram que a medida irá exacerbar a crise entre israelenses e palestinos, já agravada após uma série de ataques nas últimas semanas.
O gabinete de segurança de Israel anunciou no domingo (12) que legalizará nove assentamentos na Cisjordânia, em resposta ao que chamou de "atos terroristas mortais" ocorridos nos últimos dias. Na sexta (10), um palestino matou três israelenses em um atropelamento em Jerusalém Oriental.
Os nove assentamentos eram considerados ilegais sob a lei israelense porque foram estabelecidos sem a aprovação do governo.
Organizações internacionais, entre as quais as Nações Unidas, consideram todos os assentamentos judaicos na Cisjordânia ilegais sob o direito internacional.
O governo de Binyamin Netanyahu disse que "as colônias existem há anos, algumas das quais há décadas".
O conservador disse ainda que a presença das forças de segurança em Jerusalém será reforçada.
Alinhamento automático
Durante o governo de Jair Bolsonaro, o Brasil abandonou sua postura tradicional de equilíbrio entre as reivindicações palestinas e a posição de Israel. Em votações da ONU, o Brasil passou a ser um dos poucos países a apoiar explicitamente o governo israelense.
Sem qualquer contrapartida evidente, Bolsonaro chegou a prometer mudar a embaixada do Brasil de Tel Aviv para Jerusalém, o que não se concretizou.