O governo brasileiro, por meio do Ministério das Relações Internacionais, condenou o assassinato do chefe político do Hamas, Ismail Haniyeh, que foi morto nesta quarta-feira (31) em um ataque em Teerã, na capital do Irã.
No ataque, um dos guarda-costas de Haniyeh também foi morto, confirmou a organização. A morte do líder do grupo foi atribuída a Israel, que até o momento não fez qualquer comentário sobre o caso.
“O governo brasileiro condena veementemente o assassinato do chefe do Escritório Político do Hamas, Ismail Haniyeh (…). O Brasil repudia o flagrante desrespeito à soberania e à integridade territorial do Irã, em clara violação aos princípios da Carta das Nações Unidas, e reafirma que atos de violência, sob qualquer motivação, não contribuem para a busca por estabilidade e paz duradouras no Oriente Médio”, escreveu o Itamaraty.
“Tais atos dificultam ainda mais as chances de solução política para o conflito em Gaza, ao impactarem negativamente as conversações que vinham ocorrendo para um cessar-fogo e a libertação dos reféns”, completou.
Em nota, o Itamaraty reiterou o apelo as partes envolvidas no conflito para que exerçam “máxima contenção, de modo a impedir que a região entre em conflito de grandes proporções e consequências imprevisíveis”, às custas de vidas de civis.
A pasta também exortou a comunidade internacional para que faça todos os esforços possíveis com vistas a promover o diálogo e conter o agravamento das hostilidades.
“O governo brasileiro reitera que, para interromper a grave escalada de tensões no Oriente Médio, é essencial implementar cessar-fogo imediato na Faixa de Gaza, em cumprimento à Resolução 2735 do Conselho de Segurança das Nações Unidas”, finalizou o Itamaraty.
Quem foi Ismail Haniyeh?
Ismail Haniyeh, geralmente considerado o líder supremo da organização, nasceu em um campo de refugiados em Gaza e entrou para o Hamas em 1987, durante a fundação do grupo e em meio a um cenário de grande revolta contra Israel.
Estudou em uma escola das Nações Unidas e na Universidade Islâmica de Gaza, onde teria entrado em contato com movimentos radicais de independência. Foi nomeado diretor do departamento de Filosofia em 1993 e, em 1997, tornou-se secretário pessoal do líder espiritual do Hamas, Sheikh Ahmed Yassin.
Em 2006, Haniyeh foi nomeado primeiro-ministro da Autoridade Nacional Palestina pelo presidente Mahmoud Abbas depois que o Hamas conquistou a maioria dos assentos nas eleições legislativas. No entanto, foi demitido do cargo apenas um ano depois, quando o Hamas desencadeou uma onda de violência mortal para expulsar o partido Fatah, de Abbas, da Faixa de Gaza.
Haniyeh se recusou a renunciar, e o Hamas continua governando a Faixa de Gaza até hoje, enquanto o Fatah permanece responsável pela Cisjordânia ocupada. Em 2017, Haniyeh foi eleito chefe do escritório político do Hamas, sucedendo Khaled Mashal.
Desde 2016, vivia em exílio, tendo passado pelo Catar e pela Turquia, de onde mantinha relações próximas com várias facções palestinas. Nos últimos meses, Haniyeh se reuniu com líderes políticos do Irã e da Turquia em missões diplomáticas.
O Hamas liderou os ataques terroristas contra Israel em 7 de outubro, nos quais 1.200 pessoas, a maioria civis, foram mortas e cerca de 250 reféns foram levados para Gaza.
O grupo radical islâmico é considerado uma organização terrorista por Israel, Estados Unidos e Alemanha, entre outros. Em resposta, Israel iniciou uma operação militar em Gaza que já matou mais de 39.000 pessoas, de acordo com o Minsitério da Saúde local, controlado pelo Hamas, além de deixar mortos em ataques no Líbano e no Iêmen.
af/le (AP, AFP, Reuters, dpa)