O general Walter Braga Netto, preso no sábado (14) por obstruir as investigações sobre uma tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022, está detido na 1ª Divisão do Exército, na Vila Militar, zona oeste do Rio de Janeiro.
Segundo a TV Globo, o general de quatro estrelas está detido no quarto do chefe do Estado Maior, um cômodo que conta com ar-condicionado, geladeira, armário, aparelho de televisão e um banheiro exclusivo.
Para a Polícia Federal, Braga Netto foi uma figura central na organização criminosa que pretendeu reverter o resultado da eleição presidencial de 2022. De acordo com a investigação, o plano de ruptura institucional incluía a prisão de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), além do assassinato de autoridades como Lula, então presidente eleito.
Ainda segundo como o inquérito, Braga Netto, que foi candidato a vice na chapa de Jair Bolsonaro (PL) à reeleição, não apenas conhecia o plano como financiou os agentes que executariam a operação. Além de candidato a vice de Jair Bolsonaro, Braga Netto ocupou posições de destaque no primeiro escalão do então mandatário, como as pastas de Defesa e de Casa Civil.
Embora seja apontado pela PF como peça central no suposto plano golpista, a prisão de Braga Netto neste sábado não está formalmente ligada à sua participação em uma tentativa de ruptura institucional, mas, sim, à sua atuação para dificultar o andamento das investigações.
A detenção foi aplicação antecipada de pena pelos supostos crimes relacionados à trama golpista. O objetivo é evitar que o general, que já foi indiciado pela PF, pratique novos delitos ou interfira no andamento do processo, seja destruindo provas, ameaçando testemunhas ou tentando fugir.
"A Polícia Federal apontou que o novo depoimento prestado por Mauro César Barbosa Cid apresentou elementos que permitem caracterizar a existência de conduta dolosa de Walter Souza Braga Netto no sentido de impedir ou embaraçar as investigações em curso", apontou Alexandre de Moraes no documento que autorizou o mandado de prisão preventiva.
Em depoimento, Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, admitiu que "não só ele (Braga Netto) como outros intermediários tentaram saber" o que o tenente-coronel disse na delação. A defesa do general da reserva afirmou que vai comprovar que ele não atuou para atrapalhar as investigações.