SP 468: conheça Maria Zélia, a vila operária mais antiga da cidade

Localizada no Belenzinho, na zona leste da capital paulista, a vila centenária conta a história da cidade

Por Ivan Brandão

"Saudosa maloca" é um retrato da transformação de São Paulo. O progresso que impacta a cena urbana da cidade não está necessariamente atrelado ao olhar para cima, "arranhar os céus". Foi em nome dele que surgiram muitos dos bairros operários da cidade.

No Belenzinho, na zona leste de São Paulo está a Vila Maria Zélia. A vila centenária que nasceu e cresceu em função do trabalho, mas, em algum momento, viu o progresso parar. Se tornou uma paisagem bucólica no meio da selva de pedra e que, que entre o abandono e a vontade de resistir, abriga uma parte importante da história da nossa cidade.

“Acomodou 2.100 dos 4.800 funcionários que o Jorge Street tinha na fábrica, que fabricava a sacaria para ensacar o café”, contou seu Dedé, uma espécie de guardião da vila. 

A vila é tombada, mas o tombamento veio tarde. Muitas casas já perderam suas características originais, mas alguns prédios resistem. O caso do armazém, onde funciona um teatro e o caso da igreja, onde as missas ainda reúnem muitos moradores da região, mas, não é o caso dos prédios onde funcionavam as escolas: duas, separando meninas e meninos. 

Brigas judiciais envolvendo moradores e o INSS, que é o dono dos prédios, colocam em risco o futuro desse pequeno pedaço de história, no meio de São Paulo.

“Especialmente interesses imobiliários sobre áreas que preservam interesses históricos e culturais, então é bastante difícil ainda preservar o que tem”, explicou a moradora Rosemari Almeida, que faz parte de um grupo que luta pela preservação da Vila Maria Zélia.

De qualquer forma, a história está ali, em cada pedaço: as ruas, perfeitamente simétricas, os objetos, os documentos, os jardins e as calçadas onde as crianças pulavam amarelinha. História, memória, saudade. Prédios, tempo e malocas. “Isso aqui é um paraíso na terra é um pedacinho do céu aqui na vila”, contempla seu Dedé. 

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