Em um país com a maior taxa de empreendedorismo do mundo, as empresárias negras vivem no fim de um abismo: 51% delas empreende por necessidade. Entre as brancas, são 35%.
Além disso, apenas 21% das negras são registradas com CNPJ. O índice é o dobro entre brancas. A renda média dessa população é a menor entre todos os grupos: R$ 1.384 mensais.
No Agbara (palavra yorubá que significa potência), o primeiro fundo filantrópico criado para mulheres negras do Brasil, elas se dão as mãos para que as afros empreendedoras possam deslanchar.
“É isso que falta esse pequeno empurrãozinho dessas mulheres. A maioria já tem o seu negócio iniciado”, conta Fabiana Aguiar, cofundadora do Agbara.
A empreendedora Mariana Regina Nunes de Campos ganhou um dinheiro do projeto para conseguir ampliar a venda de calçados que ela tem na internet. A empresa própria foi a maneira que ela encontrou de ficar mais próxima do filho adolescente, que cria sozinha. “Eu sempre gostei de boneca e da moda”, disse.
Além do dinheiro para conseguir fazer capital de giro, a empreendedora ganhou a certeza que está no lugar certo e fazer o que faz.
“As pessoas têm preconceito. ‘Ela é negra e olha só onde ela está, mas como ela conseguiu se ela é negra?’. Infelizmente existe esse tipo de coisa e deixa a gente chateada. As meninas do Agbara vieram para fortalecer a mulhereda”, contou Mariana.