Moradores temem que estádio do Pacaembu vire espaço de elite

Um complexo será erguido, onde ficava o tobogã. A previsão é que a obra fique pronta até o final de 2023

Maira Di Giaimo, da Rádio Bandeirantes no Bora SP

As obras no estádio do Pacaembu estão a todo vapor. Mesmo com a promessa de melhorias para o local, moradores temem que o espaço vire mais um clube de luxo na cidade.

A história do torcedor Márcio Luís de Freitas, com o Pacaembu é de longa data. Palmeirense, ele vem desde criancinha ver os jogos com o pai. Agora, ele traz a filha.

“O futebol é isso passar o amor de pai para filho e do filho para neta e assim segue. O Pacaembu é lindo e é ótimo para assistir o jogo realmente um símbolo não só do esporte, mas também da arquitetura de São Paulo”, afirma Márcio. 

Porém o cenário no Pacaembu não será mais o mesmo, após o término das obras da concessionária que administra o espaço. A construção de um edifício comercial de cinco andares já começou.

Um complexo será erguido, onde ficava o tobogã. Um hotel de luxo vai ocupar dois andares do prédio. O espaço também vai contar com uma galeria de arte, um centro de reabilitação esportiva e restaurantes. A previsão é que a obra fique pronta até o final de 2023. 

Obra polêmica

Alguns moradores da região não gostaram da mudança. Eles temem que o local deixe de ser acessível, além de perder sua referência como um ponto histórico da cidade.

“Mais um clube de luxo, não tem nada a ver com a população que perdeu um espaço que usufruía”, diz a artista plástica Cecília Turazzi. “A nossa cidade não é carente de shopping, restaurantes e hotéis. O que nós precisamos de fato é de um espaço para práticas esportivas gratuitas”, afirma a psicopedagoga Regina Zaidan. 

A concessionária, que pretende investir 400 milhões na obra, garante que os serviços gratuitos do centro esportivo não serão alterados. 

“Sendo alguma coisa um pouco mais elitizada, como parece que vai ser, a gente tem que ver até que ponto isso vai trazer benefício para aquilo que é o fundamento do futebol que é trazer as pessoas e os torcedores. Temos que avaliar com calma e ver a longo prazo como isso vai se transformar em benefício para cidade e para o torcedor”, ressalta Márcio. 

Mais notícias

Carregar mais