Moradores de um condomínio da zona leste de São Paulo aguardam há dois anos para retornar para as residências após problemas estruturais na obra.
Um temporal derrubou os muros de um dos prédios e provocou erosão no terreno na região de Itaquera em 2019. Até hoje rachaduras e processo judicial impedem a ocupação dos imóveis.
As imagens da cratera, que se formou após o temporal do dia 8 de dezembro de 2019, ainda são fortes na memória de quem estava no residencial Serra de Santa Marta, em Itaquera, na zona leste da capital paulista.
Carros foram engolidos pelo buraco, junto com as paredes do condomínio, postes e fios. Os vizinhos tiveram que deixar o local às pressas. As 24 casas foram interditadas pelos peritos por correrem risco de desabamento.
A terra que desceu atingiu um estacionamento vizinho e destruiu um galpão. “Chovia demais naquela noite. Nós estávamos prontos para dormir. O chão tremeu. Todo mundo saiu correndo! Foi terrível”, relembra a moradora Virgínia Santos.
Uma ação judicial coletiva foi aberta pelos moradores, mas o processo está travado nos tribunais.
Logo após o acidente, a Justiça ordenou que a construtora WER pagasse um valor mensal aos moradores, mas o subsíndico do condomínio, Clayton de Lima, teme que o auxílio pare de ser pago no próximo ano.
“Provavelmente vai ter algum reajuste, mas não sabemos se a construtora vai arcar com esse aumento”, afirma Clayton.
Os problemas no condomínio Serra de Santa Marta, na Vila Carmosina, se arrastam há pelo menos sete anos.
De acordo com os vizinhos, um perito responsável pela fiscalização disse que não há segurança para o retorno das famílias e que precisaria ser feito um muro de arrimo.
O laudo emitido pelo perito judicial atestou também que há presença de fissuras e trincas em várias estruturas.
O analista de produtos Eduardo Gouveia relata que desde 2014 há um processo dos moradores contra a construtora porque já havia a preocupação com a estrutura do prédio construído em 2010.
“Por meio dessa ação, a construtora fez algumas ações, mas não resolvida nada, porque os problemas voltavam”, desabafa Eduardo.
Quase dois anos após o ocorrido, a área do estacionamento ainda tem carro abandonado após ser danificado.
Além disso, pessoas de fora já tentaram invadir o condomínio, que ainda está interditado.
“Atualmente, tem um segurança no local porque sofremos algumas tentativas de invasão do terreno”, explica.
Os moradores pedem para que o processo seja julgado o mais breve possível para que possam retornar aos imóveis.
Procurada, a Construtora WER informou que o muro foi construído conforme projeto aprovado e com acompanhamento de todas as partes do processo e que a análise da conclusão está sendo feita pelo juiz competente.
A defesa diz ainda que após a realização do muro não foi constatada mais nenhuma anomalia no condomínio e que qualquer reforma das casas depende de movimentação e aprovação judicial.