Falta de medicamentos prejudica pacientes com rins transplantados em São Paulo

Um remédio essencial para pacientes transplantados está com o estoque zerado na rede pública estadual de São Paulo

Elaine Freires e Matheus Christov, da Central de Ouvintes BandNews FM

A falta de um medicamento de alto custo prejudica o tratamento de pacientes com rins transplantados no estado de São Paulo.

O Ministério da Saúde não tem enviado o estoque suficiente para suprir o uso do Micofenolato de Sódio de 360 miligramas e quem faz o uso do remédio está desesperado.

Um remédio essencial para pacientes transplantados está com o estoque zerado na rede pública estadual de São Paulo.

Desde outubro, o Micofenolato de Sódio não é entregue para quem vai até as Farmácias de Medicamentos de alto custo.

O marido da aposentada Maria José Alves tem o rim transplantado e outros problemas de saúde. Se ele não fizer o uso do fármaco, corre o risco de ter que voltar às sessões de hemodiálise, processo invasivo no qual o paciente é ligado à uma máquina que filtra e limpa o sangue.

“Já faz três dias que ele não toma o remédio. Ele tem pressão alta, diabetes, já foi amputado. Não dá para voltar para a hemodiálise”, desabafa.

Os imunossupressores, como o Micofenolato de Sódio, baixam a imunidade do organismo para que o corpo não rejeite o órgão transplantado.

Pacientes nessa condição podem levar uma vida normal, desde que tomem os remédios em dia.

A ouvinte da BandNews FM, Maria José relata que o contato com as farmácias de alto custo é quase impossível.

“A gente liga e ninguém atende. O site é horrível. A gente precisa se deslocar até as farmácias e ainda não temos informações adequadas”, conta. 

Fora do SUS, o tratamento do Micofenolato de Sódio varia de R$ 2 a 3 mil por mês. O enfermeiro transplantado Cláudio Gomes cedeu algumas unidades do medicamento para uma amiga, que também faz uso do fármaco, mas para surpresa dele, o estoque foi zerado em São Paulo. “Eu forneci 16 comprimidos para minha amiga e depois não consegui pra mim”, reclama.

O enfermeiro relata que foi à farmácia de remédios de alto custo da Vila Mariana e não conseguiu retirar o medicamento.

De acordo com os funcionários da unidade, o motivo da escassez do Micofenolato de Sódio é porque o governo federal não tem enviado a quantidade necessária para o Estado.

“Falaram que não tem previsão de reabastecimento do remédio. A gente vive angustiado”, afirma.

Autoridades

Em nota, a  Secretaria Estadual de Saúde disse que a responsabilidade pela aquisição e distribuição do medicamento aos Estados é do Ministério da Saúde. De acordo com a Pasta, apenas 25% das 3,4 milhões de unidades solicitadas foram entregues.

Além disso, o órgão estadual afirma que no trimestre anterior, o Estado de São Paulo recebeu o medicamento em parcelas, obrigando o fracionamento também da entrega.

O Ministério da Saúde confirma que a demanda de São Paulo está sendo atendida de modo parcelado, porque há dificuldades para a produção do Micofenolato de Sódio. A última remessa com 120 mil comprimidos ocorreu no dia 11 de novembro.

Atualmente, uma alternativa a esse fármaco é o Micofenolato de mofetila de 500 miligramas. O Ministério da Saúde garantiu que em 18 de novembro entregou 600 mil unidades ao Estado.

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