Diretora de escola investigada por maus-tratos se entrega à polícia em SP

Roberta estava foragida da Justiça desde o dia 22 de março, quando teve prisão preventiva decretada

Por Mark Figueredo

Roberta Regina Rossi Serme, 40 anos, diretora da escola particular investigada por maus-tratos na zona leste de São Paulo, se entregou à polícia por volta das 23h desta quinta-feira (28). 

A responsável pela instituição de ensino Colmeia Mágica esteve na Delegacia Central de Itaquaquecetuba, na Região Metropolitana, acompanhada de dois advogados e prestou depoimento durante a madrugada. Ela deve passar por exame de corpo de delito após as 8h e ser encaminhada ao fórum de Mogi das Cruzes, onde passará por audiência de custódia. 

A expectativa é que a diretora seja transferida, em seguida, para a Penitenciária Feminina de Tremembé.

Roberta estava foragida da Justiça desde o dia 22 de março, quando teve prisão preventiva decretada. A defesa diz que vai recorrer da decisão, alega inocência e nega que ela tenha fugido da polícia.

Na última segunda (25), a irmã de Roberta, Fernanda Carolina Rossi Serme, foi presa. A pedagoga teve a prisão decretada na semana anterior e foi encontrada em uma casa em Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo. 

Vídeo: Polícia prende dona de escola

Ela foi transferida para a Penitenciária Feminina de Tremembé.

Entenda o caso

No início de março, começaram a circular vídeos nas redes sociais que mostram ao menos quatro bebês chorando, amarrados com os braços presos por panos. Usuários do Twitter compararam a cena a pessoas imobilizadas com “camisas de força”. 

Nas imagens, os bebês estão deitados em cadeirinhas colocadas no chão, ao lado de um vaso sanitário, no que aparenta ser o banheiro de uma creche. 

Quem gravou os vídeos?

Os investigadores ainda não sabem quem foi o responsável por gravar e compartilhar os vídeos. A Polícia Civil já confirmou, no entanto, que, através do cenário, foi possível cravar que foram feitos dentro da unidade.

O inquérito foi aberto na Central Especializada de Repressão a Crimes e Ocorrências Diversas (Cerco) da 8ª Delegacia Seccional.

Os investigadores ainda não sabem quem foi o responsável por gravar e compartilhar os vídeos. A Polícia Civil já confirmou, no entanto, que, através do cenário, foi possível cravar que foram feitos dentro da unidade.

O inquérito foi aberto na Central Especializada de Repressão a Crimes e Ocorrências Diversas (Cerco) da 8ª Delegacia Seccional.

O que dizem os pais?

Depois da repercussão das cenas dos bebês, familiares de outros alunos começaram a denunciar práticas semelhantes. Uma dessas mães disse à repórter Clara Nery, no Bora SP, que o filho teria recebido broncas abusivas, com gritos, apenas por chorar ao chegar à escola. 

“Eu entregava meu filho e ele ia chorando. Parecia que eu estava abandonando meu filho, esse era o sentimento”, contou a mulher, que não quis se identificar. 

Vídeo: Escola é investigada por maus-tratos a bebês 

Outro pai relatou que seu filho e outras crianças eram colocados juntos para dormir no chão, sem espaços adequados. 

Com os novos relatos, além do crime de maus-tratos, a instituição passou a ser investigada por suspeita de submissão de crianças a vexame, constrangimento e tortura. 

Onda de protestos

Em meio às investigações, a escola foi alvo de uma série de protestos. Pais, familiares e vizinhos se uniram na rua com cartazes pedindo celeridade nas investigações, “justiça” e punição dos responsáveis pelos crimes. 

O portão do local também foi pichado com frases como “Deus tá vendo”, “Neonazistas" e “Desumanos". 

O que diz a escola?

A Polícia Civil já apreendeu os lençóis que teriam sido utilizados para amarrar os bebês. O celular da diretora também foi retido.

Os familiares dos alunos receberam um comunicado sobre a suspensão temporária das atividades. Segundo a instituição de ensino, nos últimos dias foram feitas acusações “infundadas e absurdas sobre o tratamento que é dado às crianças”. 

O comunicado termina dizendo que, tudo será esclarecido e, havendo culpados, estes serão processados, assim como outros que levantaram “calúnias, difamações e injúrias contra a escola e seus colaboradores”. 

Procurados por ao menos duas vezes, os responsáveis pela unidade não atenderam à reportagem da Band TV.

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