O médico Alan Landecker não compareceu à delegacia para prestar depoimento em São Paulo nesta última segunda-feira (29). Segundo a polícia, ele só vai dar esclarecimento após a divulgação do resultado das perícias feitas pelo Instituto Médico Legal (IML).
O cirurgião plástico foi denunciado por pacientes que tiveram o nariz deformado após realizarem procedimentos com o profissional. Alan pode ser indiciado por lesão corporal culposa havendo prova de que ele foi imprudente, imperito ou negligente em relação à assepsia de equipamento ou outras causas que o IML apontar.
“Ele falava que meu nariz estava esfarelando. Ele usou esse termo para descrever minha situação que ele nunca tinha visto isso e que era a primeira vez na carreira dele”, conta a estilista Juliana Castro de Macedo, que teve uma infecção bacteriana.
Após a cirurgia, que foi realizada em janeiro deste ano, Juliana começou a sentir alguns sintomas físicos. “Eu tive momentos muitos difíceis e ainda não acabou. Tenho um longo caminho pela frente”, conta.
Assim como a estilista, dezenas de pacientes do cirurgião plástico relataram complicações depois de serem operados pelo médico. O empresário Veraldino Vandeci Ladeia fez o primeiro procedimento com o médico em setembro de 2020.
Uma análise de laboratório identificou que no nariz do empresário há seis tipos diferentes de bactérias, que podem causar até necrose da pele. O tratamento já trouxe efeitos colaterais como perda de audição e visão turva, além de uma depressão severa.
“São meses que tem sido muito difíceis para mim. Estou indo atrás buscando o melhor caminho, mas não sei quando e como termina e se termina”, disse Veraldino.
Nos últimos meses, 10 pacientes levaram os seus casos até a polícia. São seis inquéritos contra o médico. “Ele pode ser indiciado por lesão corporal culposa em havendo prova de que ele foi imprudente, ou do que ele foi imperito ou negligente em relação à assepsia de equipamentos ou outras causas que o IML apontar”, explica o delegado.
A reportagem da TV Bandeirantes procurou o cirurgião Alan Landecker, mas ele não quis gravar entrevista. Por meio de nota, disse que não há provas de que algum ato seu tenha dado origem ou seja a causa das infecções e que não houve negligência, imperícia ou imprudência.
As investigações estão sendo acompanhadas pelo Ministério Público de São Paulo e o Conselho Regional de Medicina abriu uma apuração interna.