Secretário dos EUA chega nesta terça ao Brasil e terá encontro com Lula

Antony Blinken e Lula devem discutir questões bilaterais e globais entre os Estados Unidos e o Brasil; conflito na Faixa de Gaza deve entrar na pauta da reunião

Da Redação

Secretário dos EUA chega nesta terça ao Brasil e terá encontro com Lula
Antony Blinken, secretário de Estado dos EUA
Reprodução/Redes Sociais

A visita do chefe da diplomacia americana acontece em meio à crise diplomática que envolve Brasil e Israel após declarações de Lula sobre Gaza e o Holocausto, e o governo israelense ter declarado o brasileiro como “persona non grata” no país. 

O conflito na Faixa de Gaza deve entrar na pauta da reunião. Além disso, Antony Blinken e Lula devem discutir questões bilaterais e globais entre o Brasil e os Estados Unidos. 

A agenda de Blinken no Brasil também inclui participação em reuniões do G20, que acontecerá no Rio de Janeiro. O país é o atual presidente do bloco, que reúne as maiores economias do mundo. 

Segundo o governo americano, o secretário de Estado enfatizará o apoio dos EUA à presidência brasileira no G20 e à realização da Reunião de Ministros das Relações Exteriores do G20 no Rio de Janeiro, à Parceria EUA-Brasil pelos Direitos dos Trabalhadores, à cooperação na transição para energia limpa e às comemorações do bicentenário das relações diplomáticas entre os dois países. 

“Blinken participará da reunião de Ministros dos Negócios Estrangeiros do G20 para envolver os líderes mundiais para aumentar a paz e a estabilidade, promover a inclusão social, reduzir a desigualdade, acabar com a fome, combater a crise climática, promover a transição para energias limpas e o desenvolvimento sustentável. E tornar a governação global mais eficaz”, declarou o governo americano em comunicado. 

Blinken aproveitará a passagem pelo Brasil para ir até Buenos Aires, aonde irá se reunir com o presidente argentino Javier Milei para discutir questões bilaterais e globais, incluindo o crescimento econômico sustentável, o compromisso com os direitos humanos e a governação democrática e o reforço do comércio e do investimento que beneficia ambos os países.

Polêmica entre Brasil e Israel

Lula disse em coletiva de imprensa, no domingo (18), que o que está acontecendo na Faixa de Gaza não é uma guerra, mas sim um genocídio e fez referências às ações de Hitler contra os judeus

“O que está acontecendo na Faixa de Gaza com o povo palestino não existiu em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu, quando Hitler resolveu matar os judeus”, disse Lula. 

O presidente fez a declaração depois de ser questionado sobre a decisão de alguns países de suspender repasses financeiros à Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Próximo Oriente (UNRWA, na sigla em inglês), após denúncias israelenses de que 12 funcionários teriam participado dos ataques terroristas do Hamas contra Israel em 7 de outubro. 

O governo de Israel declarou nesta segunda-feira (19) que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é “persona non grata” no país até pedir desculpas e faça uma retratação sobre a declaração

“Não perdoaremos e não esqueceremos - em meu nome e em nome dos cidadãos de Israel, informei ao presidente Lula que ele é uma persona non grata em Israel até que peça desculpas e se retrate por suas palavras”, declarou o ministro das Relações Exteriores do país, Israel Katz. 

Para o chanceler israelense, a comparação de Lula entre “a guerra justa de Israel contra o Hamas e as ações de Hitler e dos nazistas, que exterminaram 6 milhões de judeus, é um grave ataque antissemita que profana a memória daqueles que morreram no Holocausto”.

A declaração do ministro das Relações Exteriores, Israel Katz, foi feita após reunião com o embaixador brasileiro em Tel Aviv, Frederico Meyer, no museu do Holocausto, em Jerusalém.

Lula não pedirá desculpas a Israel

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reuniu, nesta segunda-feira (19), com o assessor especial da presidência da República, Celso Amorim, após o petista ser declarado “persona non grata” por Israel. 

A Band apurou que a estratégia do governo brasileiro foi definida durante a reunião. Celso Amorim informou para Lula que Israel está exigindo um pedido de desculpas formal de forma pública. Porém, ficou acertado que isso não deve acontecer. 

Lula teria dito que “não irá esticar a corda” e pretende “diminuir o tom” ao efetuar críticas sobre as ações de Israel na Faixa de Gaza a partir da crise diplomática com o governo israelense. 

O Planalto classificou como "exagerada" a reação de Israel, que transformou Lula em "persona non grata" no país. Seria uma maneira, segundo assessores, de Benjamin Netanyahu diminuir a pressão interna e ganhar apoio. Por isso, a versão do governo é de que a fala de Lula se dirigia ao governo israelense e não ao povo judeu.

Lula também decidiu chamar de volta o embaixador brasileiro em Israel para consultas. Na linguagem diplomática, isso deixa clara a insatisfação com Tel Aviv. Segundo o Planalto, Frederico Meyer foi humilhado ao receber uma reprimenda pública fora do protocolo.

O representante brasileiro foi chamado ao Museu do Holocausto para dar explicações sobre a declaração do presidente, e não ao gabinete do chanceler, como é praxe. Para que, de acordo com Israel Katz, "testemunhasse o que os nazistas fizeram aos judeus". O Itamaraty classificou nos bastidores o ato como "um show desnecessário".

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