Terminou às 2h da madrugada desta quarta-feira (13) o julgamento dos réus acusados pela morte do repórter cinematográfico da Band Santiago Andrade, em 2014, no Rio de Janeiro. A Justiça absolveu Fábio Raposo Barbosa e condenou Caio Silva de Souza a 12 anos de prisão em regime fechado.
Santiago Andrade morreu quando trabalhava na cobertura de um protesto na Central do Brasil, em fevereiro de 2014. O cinegrafista foi atingido por um rojão na cabeça. Ele chegou a ser internado, mas morreu quatro dias depois.
Os dois foram indiciados por homicídio doloso qualificado, com emprego de explosivos, e chegaram a ficar presos entre 2014 e 2015, mas respondiam o crime em liberdade, com medidas cautelares. Fábio foi absolvido das acusações, enquanto Caio foi condenado por lesão corporal seguida de morte.
A defesa ainda poderá recorrer da decisão para que Caio Silva de Souza responda em liberdade. Em relação a Fábio Raposo Barbosa, o júri entendeu que ele não participou da ação.
O julgamento
Fábio e Caio haviam sido acusados pelo crime de homicídio doloso qualificado por emprego de explosivo. Porém, os jurados concluíram que não existiu o dolo eventual em matar a vítima, o que levou à desclassificação do crime. Com isso, a competência para julgar Caio, que foi quem acendeu o rojão, passou a ser da juíza Tula Correa de Mello, que o condenou pelo crime de lesão corporal seguida de morte.
Primeiro dos réus a depor, Fábio disse que era um frequentador das manifestações e protestava contra o governo. No dia 6 de fevereiro de 2014, chegou na manifestação por volta das 18h30 e percebeu um grande tumulto. Na correria, disse ter visto no chão um objeto preto e pegou por "curiosidade", sem saber que era um rojão.
Ainda segundo Fábio, Caio pediu insistentemente pelo artefato e ele entregou. Em seguida, saiu com os olhos muito irritados devido ao gás lançado pelos policiais. Afirmou não ter visto o momento em que Caio acendeu o rojão e nem quando o explosivo atingiu Santiago.
Caio, por sua vez, falou sobre sua culpa por causar a morte de Santiago. "Eu passo todo dia pela Central do Brasil e carrego o peso da minha mochila, mas também carrego o peso de ter matado um trabalhador. Todo dia eu carrego peso do meu trabalho e o peso de ter matado um trabalhador”, disse ele durante o julgamento.
Em seu depoimento, Caio afirmou que conhecia Fábio de vista, mas que não sabia o nome dele, eue o viu no momento que passava pela praça, e que Fábio perguntou se ele tinha um isqueiro. Respondeu que sim e pediu o que ele tinha nas mãos, afirmando que iria acender o artefato. Caio, no entanto, disse não saber que se tratava de um rojão.
Após acender e colocar o artefato no chão, deixou o local. Disse ainda que só teve a confirmação do motivo da morte do cinegrafista nos dias seguintes, com a repercussão na imprensa – até então, achava que tinha sido provocada por bombas jogadas pela Polícia Militar.
Além de Fábio e Caio, prestaram depoimentos cinco testemunhas, sendo três de acusação e duas de defesa.