Pelo menos 28 agentes da Polícia Rodoviária Federal foram ao hospital Adão Pereira Nunes, em Duque de Caxias, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, onde Heloisa da Silva Santos, de três anos, estava internada após ser baleada em operação da PRF. A menina morreu neste sábado (16).
Em documento que a reportagem da Band Rio teve acesso, uma testemunha diz que “28 policiais estavam vasculhando e mexendo no carro durante certo tempo, além disso um desses policiais não participou do ocorrido e também estava com um projétil na mão”.
Em outro trecho, a testemunha relata que outros policiais e procuradores do Ministério Público também estavam mexendo no veículo da família de Heloisa. O caso teria acontecido no mesmo dia em que a menina foi baleada.
Um novo pedido de perícia no carro da família de Heloisa foi solicitado pelo Ministério Público Federal, que suspeita que mais de três disparos foram efetuados no dia em que a criança foi baleada no Arco Metropolitano.
A declaração do procurador Eduardo Benones faz parte do pedido de prisão preventiva, feito pelo Ministério Público Federal, dos três agentes envolvidos na ação. Fabiano Menacho Ferreira, Matheus Domicioli Soares Viegas Pinheiro e Wesley Santos da Silva continuam afastados dos cargos.
No pedido, o procurador afirma que a presença desses agentes, em contato visual e às vezes verbal, com os parentes da criança, demonstra um 'uso indevido da força corporativa'.
Lula lamenta morte de Heloísa
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lamentou a morte da pequena Heloisa dos Santos Silva, de três anos, baleada por um policial rodoviário federal (PRF) durante abordagem na Região Metropolitana do Rio de Janeiro. A criança faleceu neste sábado (16), após nove dias internada.
“A dor de perder uma filha é tão grande que não tem nome para essa perda. Não há o que console. Meus sentimentos e solidariedade aos pais e demais familiares”, escreveu Lula em uma rede social.
Heloísa estava em estado grave no Hospital Municipal Adão Pereira Nunes, em Duque de Caxias. A criança foi levada para a unidade, onde passou por cirurgia, após ter sido baleada na noite do último dia 7, quando viajava de carro com a família.
O ministro da Justiça e Segurança Público, Flávio Dino (PSB), também prestou condolências à vítima. Na postagem, ele anexou uma nota da PRF que cita o acompanhamento do caso pela Comissão de Direitos Humanos.
Relembre o caso
O pai da criança, William da Silva, contou que dirigia pelo Arco Metropolitano, via expressa que liga cidades da Região Metropolitana do Rio, quando seu veículo foi alvejado por tiros disparados de uma viatura da Polícia Rodoviária Federal (PRF). Estavam no carro da família a mãe da menina, uma irmã de Heloísa e uma tia.
O pai disse que não recebeu ordem de parada, e o carro foi atingido quando estava se preparando para estacionar, ao perceber que a viatura estava muito perto dele. A menina foi levada para o hospital pela PRF. Ela chegou com perfurações no crânio, pescoço e ombro.
“Uma viatura da PRF viu a gente passando e veio atrás. Nessa que eles vieram atrás, até então, não deram sinal para parar, mas estavam muito perto do meu carro. Eu dei a seta e parei, só que nessa que eu parei, eles efetuaram vários disparos, e um pegou na minha filha”, contou.