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Reunião entre presidentes da Venezuela e Guiana termina sem acordo

Encontro aconteceu em São Vicente Granadinas, país no Caribe, que detém a presidência temporária da comunidade de estados latino-americanos

Da Redação, com Deutsche Welle

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O primeiro encontro entre líderes da Venezuela e Guiana para tratar da disputa pelo território de Essequibo terminou sem acordo. A reunião aconteceu em São Vicente Granadinas, país no Caribe, que detém a presidência temporária da comunidade de estados latino-americanos. 

Depois de uma conversa de aproximadamente duas horas, Nicolás Maduro, presidente da Venezuela, e Irfaan Ali, presidente da Guiana, se comprometeram a buscar uma solução pacífica para a disputa e finalizaram o encontro com um aperto de mãos, sem nenhum conflito armado pela disputa da Essequibo.

Uma nova reunião entre Guiana e Venezuela deverá ser realizada no Brasil daqui a três meses.

A tensão regional se agravou depois do plebiscito promovido pela Venezuela, no início do mês de dezembro, sobre a anexação de dois terços do território da Guiana, área rica em Petróleo.

Caracas quer explorar petróleo na região

Antes da leitura da declaração conjunta, o presidente guianense ressaltou o direito do país à exploração do seu "espaço soberano".

"Guiana não é o agressor, Guiana não está buscando a guerra, Guiana se reserva ao direito de trabalhar com nossos aliados para garantir a defesa de nosso país", declarou Ali à imprensa.

Maduro, cuja delegação compareceu ao encontro com um mapa venezuelano que inclui o Essequibo, celebrou a "vitória do diálogo" e o qualificou como "passo histórico" para "abordar de maneira direta a controvérsia territorial".

Ali, por sua vez, negou que a disputa fosse tema da reunião e insistiu na resolução do tema via Corte Internacional de Justiça – cuja jurisdição a Venezuela não reconhece.

Caracas se queixa de concessões à exploração de petróleo concedidas pela Guiana à iniciativa privada em águas marítimas que ainda deveriam ser delimitadas e, após o referendo, iniciou um processo próprio para emitir licenças autorizando a estatal PDVSA a atuar na região.

Alarmada pelo referendo venezuelano, a Guiana levou o caso ao Conselho de Segurança da ONU e sediou exercícios militares americanos.

No início da semana, o chanceler venezuelano, Yván Gil, aventou a possibilidade de discutir uma "cooperação em petróleo e gás”, sem entrar em detalhes.

Entenda a disputa pelo Essequibo

A disputa pelo Essequibo, que vem desde o século 19, foi intensificada a partir de 2015, com a descoberta de grandes reservas de petróleo na costa da região pela americana ExxonMobil – equivalente, segundo estimativas, a cerca de 75% da reserva brasileira de petróleo.

A área em disputa, com 160 mil quilômetros quadrados, abriga cerca de um quinto da população guianense, ou cerca de 125 mil pessoas.

Para a Venezuela, o rio Essequibo deveria ser a fronteira natural, como era em 1777, durante a época do império espanhol. A Guiana argumenta que a fronteira, que remonta à era colonial britânica, foi ratificada em 1899 por um tribunal arbitral em Paris.

Desde o Acordo de Genebra de 1966, as negociações sobre o Essequibo se arrastaram sem resultados, e a ONU acabou encaminhando o caso à Corte Internacional de Justiça, também por insistência da própria Guiana.

Além do aspecto econômico da disputa, analistas têm apontado a instrumentalização política do tema como estratégia de Maduro para se manter no poder.

No início de dezembro, a Venezuela realizou um referendo consultivo em que mais de 95% dos eleitores apoiaram as pretensões de Maduro de anexar a região.

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