O empresário do ramo imobiliário Antônio Vinicius Lopes Gritzbach, de 38 anos, foi executado ao chegar de viagem no Terminal 2 do Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, na última sexta-feira (8). O ataque a tiros no meio da tarde aconteceu após o homem, envolvido com crimes do PCC, delatar um grande esquema do crime organizado.
Gritzbach atuava no setor de lavagem de dinheiro da facção, segundo investigações do Ministério Público de São Paulo. Ele teria ajudado a colocar no mercado formal até R$ 2 bilhões oriundos do crime.
Após ser preso e aceitar virar delator do esquema, passou a ser jurado de morte pelo PCC. O empresário chegou a ser alvo de um atentado a tiros na noite de Natal do ano passado, quando passava a data com a família, mas não se feriu.
No momento em que foi assassinado com ao menos 10 tiros no aeroporto, ele carregava R$ 1 milhão em joias dentro da bagagem. A fortuna seria o pagamento de uma dívida. Os seguranças que o escoltavam – policiais militares da ativa – foram afastados de suas funções.
Quem é Vinicius Gritzbach
Segundo informações da Polícia Civil, Vinicius Gritzbach estava envolvido em uma trama de meio bilhão de reais que envolve traição, emboscadas e mortes.
Mortes de Cara Preta e Sem Sangue
Lideranças do PCC, Anselmo Becheli Santa Fausta “Cara Preta” e Antônio Corona Neto “Sem Sangue” foram executados em uma praça do Tatuapé, na zona leste de São Paulo, no dia 27 de dezembro de 2021. O homem que atirou, de acordo com as investigações, é Noé Schaum. Ele foi assassinado pelo tribunal do crime e teve a cabeça decepada e jogada na mesma praça menos de um mês depois.
A polícia diz que “Cara Preta” investiu R$ 500 milhões em imóveis e criptomoedas. Vinicius Gritzbach, apresentado a ele por um dentista, foi intermediário do negócio. Uma queda significativa do valor das bitcoins provocou uma briga entre eles, e o líder da facção começou a pressionar o empresário para receber o dinheiro de volta, fazendo ameaças a ele e à família.
Gritzbach teria, então, acionado o agente penitenciário David Moreira para contratar um matador. O escolhido foi Noé Schaum.
Os dois sempre negaram o crime. A defesa de Gritzbach protocolou um documento de 167 páginas apontando falhas na investigação, incluindo a retirada de 9 celulares de “Cara Preta” que estavam na cena do crime.
Sequestros e torturas
Dias depois do assassinato, Vinicius Gritzbach foi sequestrado por homens ligados ao PCC, torturado psicologicamente e ameaçado. O grupo queria o dinheiro de “Cara Preta”. Posteriormente, dois dos envolvidos neste sequestro foram encontrados mortos.
Vinicius Gritzbach chegou a ficar preso pouco mais de quatro meses e passou a responder ao crime em liberdade.
Ele voltou a ser sequestrado no fim de 2023, quando foi levado por dois homens que se identificaram como policiais civis a uma casa na Vila Matilde, zona leste da capital paulista, onde conversou com um traficante e foi liberado.