Saiba que um dos produtos mais famosos da cozinha italiana, na verdade, foi criado no Brasil? É o que chamamos de culinária “ítalo-brasileira”, que são receitas originadas no país, mas que ganharam versões deliciosas preparadas e transformadas por imigrantes.
Nossa pizza, por exemplo, é bem diferente daquela servida em Nápoles. Adicionamos mais ingredientes, mais recheio. A italiana é mais fina, geralmente servida individualmente.
Apesar do nome, o bife à parmegiana foi criado em São Paulo por italianos que chegaram aqui no início do século passado. Um dos mais tradicionais e prestigiados restaurantes paulistanos, o Jardim de Napoli, também é criador de um prato que confunde e delicia muita gente: o polpetone. Fundador da casa, Antônio Buonerba, o lançou há mais de 50 anos.
“Toninho começou fazendo o prato com as pontas descartadas do filet mignon. Ele batia aquela carne, colocava mozzarella no meio, empanava e fritava, contava. Mas foi mudando aos poucos, incorporando ou tirando ingredientes e temperos”, contou Adolfo Scardovelli, funcionário mais antigo da cantina.
Na Itália, o prato leva carne bovina, de frango ou de atum, enriquecido com pão ralado e queijo parmesão. Depois de passar no óleo, vai para o forno.
O polpetone do Toninho é tão icônico que foi parar nos livros. Este aqui, do jornalista J.A. Dias Lopes dedica algumas páginas ao prato. E diz: na Itália, quem pedir um polpetone e esperar um igual ao do Toninho vai quebrar a cara.
Em "Oriundi: Histórias e Receitas da Cozinha Ítalo-Brasileira de São Paulo", um dos principais críticos gastronômicos do Brasil decodifica receitas servidas na capital paulista de DNA italiano, mas com personalidade própria. Outra característica em comum dessa gastronomia é o prazer que ela oferece e a tradição da mesa farta.