Postura da PUC e da USP é conveniente, diz advogada sobre caso de racismo em jogos

Segundo a advogada e co-deputada Letícia Chagas, apenas punição individual não é o suficiente

da redação

A advogada Letícia Chagas, que também é co-deputada estadual de São Paulo, declarou em entrevista ao Bora Brasil nesta quarta-feira (20) que a postura da Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP) e da Universidade de São Paulo (USP) em relação ao caso de racismo em jogos universitários é “conveniente”. 

“Sabemos que para estudantes negros estarem em jogos como esse é muito difícil, é muito caro. Não é à toa, especialmente, as universidades privadas como PUC, Mackenzie, tem um número baixíssimo de estudantes negros nesse tipo de evento. Por isso, é muito grave o que tem acontecido com os poucos alunos negros que estavam naquele espaço”, declarou Letícia Chagas. 

O caso aconteceu no sábado (16) durante os Jogos Jurídicos Estaduais disputados em Americana, no interior de São Paulo, e foi registrado por câmeras de celular. Nos vídeos, um grupo de jovens aparece chamando os adversários de “pobres” e gritando “ainda por cima é cotista”, entre outros insultos.

“A postura tanto da PUC quanto da USP tem tido diante desse caso é uma postura muito conveniente para as universidades, porque sabemos que esse caso não se trata apenas de punição individual aos estudantes que são vistos nesses vídeos. A gente está falando das maiores instituições jurídicas do nosso país”, completou. 

“As universidades querem punir os estudantes? Nós também queremos, mas a gente quer ir além: que as maiores instituições de direito do país se comprometam com o programa de combate ao racismo dentro dessas instituições. Quantos são os professores negros que têm nessas instituições? O que essas universidades vão fazer para conseguir educar seus estudantes, em uma educação que seja antirracista, para prevenir e impedir que esses casos voltem a acontecer?”, questionou a advogada. 

Denúncia no Ministério Público 

Letícia Chagas é uma das autoras da denúncia protocolada no Ministério Público de São Paulo para investigar os atos racistas nos jogos universitários. No texto, não foi estipulada a quantidade e nem os nomes dos envolvidos. 

“Não colocamos os nomes porque nós sabemos, e as vítimas trazem isso, de que as pessoas que cometeram esse tipo de discriminação vão além das que aparecem nos vídeos. Inclusive, nós achamos que é importante discutir porque a torcida da PUC não fez nada quando ouviu esses estudantes cometendo um crime”, reforçou a advogada. 

“Alguns desses autores foram identificados, a gente espera que essas pessoas sejam punidas, muito importante que os escritórios de advocacia tenham demitido essas pessoas. Mas queremos uma investigação maior desse caso, inclusive verificando qual é a responsabilidade das universidades nesse caso”, afirmou Letícia Chagas. 

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