Polícia faz operação contra laboratório envolvido em contaminação de pacientes com HIV

Polícia Civil do Rio de Janeiro cumpre 11 mandados de busca e apreensão e quatro mandados de prisão na manhã desta segunda-feira (14)

Da Redação

Polícia faz operação contra laboratório envolvido em contaminação de pacientes com HIV
Laboratório PCS Saleme, em Nova Iguaçu, no Rio de Janeiro
Reprodução/Band

A Polícia Civil do Rio de Janeiro realiza operação na manhã desta segunda-feira (14) para cumprir 11 mandados de busca e apreensão e quatro mandados de prisão no caso envolvendo transplante de órgãos infectados com vírus HIV.

Após a denúncia feita pela Band de pessoas infectadas por HIV em transplantes, a equipe de reportagem do Bora Brasil teve acesso aos documentos que comprovam os erros nos resultados dos exames.

O documento obtido pela reportagem revela o resultado negativo para HIV, de um homem de 28 anos que teve morte encefálica após um acidente de moto.

O exame foi realizado em janeiro, pelo laboratório PCS Saleme, de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, contratado pela Fundação Saúde para realizar testagem de doadores de órgãos no Rio de Janeiro.

Deste doador, foram captados o coração, fígado, os dois rins e as córneas. Mas, no início de setembro, o paciente que recebeu o coração foi diagnosticado com o vírus da Aids. Dias mais tarde, os receptores dos rins receberam o mesmo diagnóstico.

O receptor do fígado morreu dois dias após o transplante.

A amostra do doador foi, então, submetida a um novo exame. Desta vez, no Hemorio, e o resultado veio reativo para HIV.

A Secretaria Estadual de Saúde abriu uma sindicância.

O laboratório foi interditado após uma vistoria feita pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que não encontrou os kits de exame e nem os comprovantes de compra do material.

Após o escândalo denunciado com exclusividade pelo jornalismo da Band, o Ministério Público e a Polícia Civil iniciaram investigações sobre possível fraude dos testes de HIV. Existe a possibilidade que o laboratório sequer tenha feito os exames pelos quais recebeu pagamento.

A PCS Saleme tem capital social declarado de R$ 21 mil. Mas, só no ano passado, abocanhou mais de R$ 20 milhões do estado do Rio, chegando a atender 14 hospitais estaduais.

Dois dos sócios do laboratório são parentes do deputado federal Doutor Luizinho, que foi secretário de saúde entre janeiro e setembro de 2023, período em que a empresa assinou seus primeiros contratos com o estado.

O responsável pela assinatura do contrato de R$ 11,5 milhões para testagem de HIV, Matheus Sales Teixeira, é primo de Luizinho.

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