PF indicia Bolsonaro e Mauro Cid por falsificação de cartão de vacinas

Ex-presidente foi indiciado pelos crimes de associação criminosa e inserção de dados falsos em sistema público

Da Redação

A Polícia Federal indiciou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pelos crimes de associação criminosa e inserção de dados falsos em sistema público no inquérito que investiga a falsificação de certificados de vacinas de Covid-19. Esse é o primeiro indiciamento do político em investigações da PF. A informação foi confirmada pela Band

Além do ex-presidente, o ex-ajudante de ordens Mauro Cid, Gutemberg Reis (MDB), deputado federal do Rio de Janeiro, e outras 14 pessoas. Cid e Reis foram indiciados, ainda, pelos crimes de inserção e falsificação.

Em maio do ano passado, Bolsonaro prestou depoimento à PF no âmbito dessa investigação sobre supostas fraudes em registros de vacinação contra a covid-19.

A suspeita é de que o ex-presidente e membros de seu círculo familiar e pessoal teriam se beneficiado de um esquema de inserção de dados fraudulentos nos sistemas do Ministério da Saúde para obtenção de comprovantes de vacinação, visando assegurar a entrada dos investigados nos Estados Unidos e burlando exigências sanitárias das autoridades americanas.

Com a conclusão do inquérito, a investigação será encaminhada ao Ministério Público, que decidirá se irá apresentar a denúncia à Justiça ou arquivará a investigação. A Band entrou em contato com a defesa do ex-presidente e aguarda retorno. 

Bolsonaro negou adulteração 

Após a operação, que deflagrou a investigação, Bolsonaro informou que não tomou a vacina contra a Covid-19 e que não houve adulteração de sua parte. "“No Brasil tudo é possível. Eu não tomei a vacina. Nunca me foi pedido nenhum cartão de vacina, não existe adulteração da minha parte, não existe. Eu não tomei a vacina e ponto final, nunca neguei isso. Tinha gente que vinha me pressionar para tomar a vacina, que é natural, mas não tomei, por quê? Porque eu li a bula da Pfizer”, declarou aos jornalistas na época. 

Em depoimento, Bolsonaro reforçou que negou ter pedido a inserção de dados falsos em sua carteira de vacinação e no de sua filha. 

Ele também afirmou que o ex-ajudante de ordens Mauro Cid nunca comentou com ele sobre certificados de vacina. O ex-presidente alegou ainda que só soube do caso quando esse foi revelado pela imprensa.

No âmbito da investigação, que fez buscas em sua residência em Brasília e prendeu seis pessoas, entre elas assessores de Bolsonaro, o celular do ex-presidente também foi apreendido na ocasião. 

Em depoimento à PF em maio, a mulher de Mauro Cid, Gabriela Santiago Cid, admitiu que utilizou um certificado falso de vacinação contra a covid-19. Ela culpou o marido pela fraude.

Relembre o caso

Os dados atuais do Ministério da Saúde, que aparecem no cartão de vacinação, apontam que o ex-presidente se vacinou em 19 de julho de 2021 na Unidade Básica de Saúde (UBS) Parque Peruche, na Zona Norte de São Paulo. A CGU, no entanto, constatou que Bolsonaro não estava na capital paulista nesta data e que o lote de vacinação que consta no sistema não estava disponível naquela data na UBS onde teria ocorrido a imunização.

Segundo registros da Força Aérea Brasileira (FAB), o ex-presidente voou de São Paulo para Brasília um dia antes da suposta vacinação e não fez nenhum outro voo até pelo menos 22 de julho de 2021. Os auditores também tomaram depoimentos de funcionários da UBS, que afirmaram não terem visto Bolsonaro no local na data informada e negaram ter recebido pedidos para registrar a imunização.

Entre as pessoas ouvidas, estava a enfermeira indicada no cartão de vacinação. A funcionária não apenas negou o procedimento, como comprovou, por meio de documentos, não trabalhar mais na UBS na data que consta nos registros do Ministério da Saúde. Os auditores da CGU também verificaram os livros físicos mantidos pela UBS para registro da vacinação da população e não encontraram a presença do ex-presidente no local em 19 de julho de 2021.

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