Ligação do filho, falha mecânica: o que dizem os seguranças de Vinicius Gritzbach

Policiais que deveriam escoltar o empresário não estavam com ele no momento do ataque no Aeroporto de Guarulhos; veja os depoimentos

Por Mark Figueredo

A reportagem da Band teve acesso aos depoimentos dos policiais militares que eram responsáveis pela segurança de Vinicius Gritzbach, empresário ligado ao PCC que foi executado no Aeroporto Internacional de Guarulhos na última sexta-feira (8). Os quatro PMs foram afastados da corporação e tiveram os celulares apreendidos para investigação.  

Um dos agentes contou que, no dia do crime, o filho de Gritzbach, de 11 anos de idade, ligou pedindo para que o segurança o acompanhasse até o aeroporto para buscar o pai, que estava retornando de viagem com a namorada. 

O policial, mais três colegas de farda, o menino e o sobrinho do empresário saíram do bairro do Tatuapé, na zona leste da capital paulista, e seguiram em dois carros blindados rumo ao aeroporto, na região metropolitana. Eles pararam em um posto de combustíveis, próximo ao destino, para fazer um lanche e aguardar o contato com a chegada de Vinicius.

Quando receberam a ligação, perceberam que um dos veículos apresentava um problema mecânico. Um dos PMs contou que tentou ligar o carro, mas ele “não pegou”. Pediu, então, para que outro policial, identificado como Jefferson, fosse até o aeroporto acompanhado do filho e do sobrinho do empresário. 

O agente ficou no posto acompanhado de Romarks e Adolfo Chagas, outros dois responsáveis pela escolta, tentando fazer o veículo funcionar. Minutos depois, recebeu uma ligação do filho de Gritzbach informando sobre o tiroteio. 

Depoimento do PM que foi ao aeroporto

Em outro depoimento, o policial que foi até o aeroporto disse que estava fazendo uma manobra para aproximar o carro da entrada do portão do Terminal 2, quando ouviu estampidos semelhantes aos de uma arma de fogo. 

Ou seja, na hora do ataque, nenhum dos seguranças estava perto da vítima. A polícia investiga a conduta dos PMs e apura se eles falharam no esquema de propósito. 

Execução de Vinicius Gritzbach

O empresário do ramo imobiliário Antônio Vinicius Lopes Gritzbach, de 38 anos, foi executado ao chegar de viagem no Terminal 2 do Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, na última sexta-feira (8). O ataque a tiros no meio da tarde aconteceu após o homem, envolvido com crimes do PCC, delatar um grande esquema do crime organizado.

Gritzbach atuava no setor de lavagem de dinheiro da facção, segundo investigações do Ministério Público de São Paulo. Ele teria ajudado a colocar no mercado formal até R$ 2 bilhões oriundos do crime

Além disso, estaria envolvido nos assassinatos de duas lideranças da facção, Anselmo Becheli Santa Fausta “Cara Preta” e Antônio Corona Neto “Sem Sangue”.

Após ser preso e aceitar virar delator do esquema, passou a ser jurado de morte pelo PCC. O empresário chegou a ser alvo de um atentado a tiros na noite de Natal do ano passado, quando passava a data com a família, mas não se feriu. 

No momento em que foi assassinado com ao menos 10 tiros no aeroporto, ele carregava R$ 1 milhão em joias dentro da bagagem. A fortuna seria o pagamento de uma dívida.

Além dele, que morreu na hora, mais três pessoas que não tinham envolvimento com o caso foram baleadas. Uma delas, o motorista de aplicativo Celso Araújo Sampaio de Novais, de 41 anos, chegou a ser socorrido, mas não resistiu aos ferimentos. As outras pessoas passam bem.

No final de semana, a PM apreendeu em Guarulhos sacos com três fuzis, uma pistola 9 milímetros e uma placa de automóvel. A suspeita é que o armamento foi usado no ataque ao empresário.

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