MPF investigará André Valadão por suposto crime de homotransfobia

No culto, o pastor sugeriu que os fiéis matassem pessoas da comunidade LGBTQIAPN+; deputada Érika Hilton pediu a prisão do religioso

Da Redação

André Valadão virou assunto nas redes sociais
Reprodução/Instagram

O Ministério Público Federal (MPF) instaurou um procedimento para apurar suposto crime de homotransfobia do pastor André Valadão durante pregação em culto evangélico em uma igreja de Orlando, nos Estados Unidos, que teve transmissão pelas redes sociais. 

O procurador regional dos Direitos do Cidadão (PRDC) no Acre, Lucas Costa Almeida Dias, será o responsável pelo procedimento. Em nota, o Ministério Público Federal informou que, após a apuração dos fatos, o órgão encaminhará as medidas cabíveis para o caso. 

O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) também vai apurar se André Valadão cometeu crime de homotransfobia. 

No culto, André Valadão sugeriu que os fiéis matassem pessoas da comunidade LGBTQIAPN+. “"Um casal LGBT e agora drag queens na sala de aula. Não, pode parar, 'reseta'. Deus fala: ‘Não posso mais, já meti esse arco-íris aí. Se eu pudesse eu matava tudo e começava de novo. Mas já prometi pra mim mesmo que eu não posso, então agora tá com vocês’", disse o pastor. 

A declaração do religioso revoltou a comunidade Queer e políticos brasileiros. O senador Fabiano Contarato (PT) foi ao Ministério Público abrir uma representação criminal contra o pastor por homofobia. A deputada federal Érika Hilton (PSOL) entrou com um pedido de prisão contra André Valadão no Ministério Público também, pelo crime de homofobia, que está relacionado ao crime de racismo. “Foi reveladora da necessidade de instauração para apurar a responsabilidade criminal de André Valadão”, informa o pedido de Érika Hilton. 

A Aliança Nacional LGBTI+ também acionou o MPF e citou a decisão do Supremo Tribunal Federal, que determinou que os representantes das religiões têm direito à liberdade religiosa, “desde que tais manifestações não configurem discurso de ódio, assim entendidas aquelas exteriorizações que incitem a discriminação, a hostilidade ou a violência contra pessoas em razão de sua orientação sexual ou de sua identidade de gênero”. 

“Também determinou, de modo geral, independente de questões religiosas, que as condutas homofóbicas e transfóbicas ‘que envolvem aversão odiosa à orientação sexual ou à identidade de gênero de alguém’ são formas de racismo e puníveis como tais na forma da lei”, completou o comunicado. 

Pelas redes sociais, o pastor afirmou ter sido mal-interpretado. “Quando eu digo 'nós retirarmos', eu não digo ‘nós matarmos’. É preciso ‘resetar’, levar a humanidade à sua essência”, afirmou. 

Adriana Araújo critica postura de André Valadão:

André Valadão coleciona polêmicas

Não é a primeira vez que o pastor da Igreja Batista da Lagoinha se envolve em polêmicas e faz declarações de cunho homofóbico. Em maio, o pastor comparou gays a criminosos em um culto na mesma igreja, em Orlando. 

O pastor também publicou uma foto com a frase ‘Deus odeia o orgulho’, em referência ao mês do orgulho LGBTQIA+, junho. Segundo ele, o termo é relacionado a Lúcifer, figura antagonista a Deus na religião cristã. Os ataques de Valadão à comunidade LGBTQIA+ foram condenados pela comissão dos direitos humanos da OAB. 

Em fevereiro deste ano, o pastor afirmou que “deixaria Lula 30 segundos debaixo d'água” para “limpar com força”. Nas redes, a fala foi vista como uma sugestão de afogar o presidente da República. 

Em outubro de 2022 ele afirmou que era alvo de uma determinação do presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, a se retratar sobre supostas declarações contra o então candidato à presidência, Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Segundo a agência de checagem “Aos Fatos”, responsável pela classificação, a intimação não foi assinada pelo ministro e não houve decisão contra ele.
 

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