Militares de Israel amarram palestino ferido ao capô de veículo na Cisjordânia

Após a repercussão das imagens, o Exército israelense admitiu o incidente e garantiu que as cenas ‘não estão de acordo com os valores’ da instituição. Caso será investigado

Da Redação com DW

Soldados israelenses amarraram um palestino ferido em cima do capô de um veículo militar durante uma operação militar em Jenin, na Cisjordânia ocupada. O exército israelense admitiu, depois que as imagens circularam nas redes sociais, o incidente e disse que seus soldados violaram as regras da instituição.

As imagens mostram um homem, visivelmente ferido, amarrado ao capô de um jipe militar enquanto o veículo passa por uma rua relativamente estreita. Mesmo carregando um ferido, o veículo militar passou sem parar por duas ambulâncias da organização Crescente Vermelho.

Segundo fontes médicas, o homem é Mujahed Azmi, de 24 anos, natural do campo de refugiados de Jenin, mas que estava na casa de amigos em Jabriyat, entre Burin e Jenin, no norte da Cisjordânia ocupada.

O Exército de Israel divulgou um comunicado dizendo que o protocolo para esse tipo de situação foi violado pelas tropas e garantiu que as cenas "não estão de acordo com os valores" da instituição e informaram que o caso será investigado. Ainda segundo os militares, o palestino foi levado a um hospital. 

Palestino diz que ficou amarrado por duas horas

Azmi disse à agência AFP que foi ferido por tiros e permaneceu por mais de duas horas sem conseguir se movimentar atrás de um veículo militar israelense. "Quando (os soldados) chegaram, pisaram na minha cabeça, me agrediram no rosto, nas pernas e nas mãos, que estavam feridas. Eles riam", disse.

Os militares o "jogaram sobre o capô do jipe", que estava com superfície extremamente quente, segundo o palestino.

Médicos do hospital Ibn Sina de Jenin confirmaram que Azmi segue internado no local.

Azmi, com "uma fratura e lesões", foi submetido a uma cirurgia de emergência e terá que passar por outras operações, afirmou Bahaa Abu Hamad, cirurgião do hospital. "Ele tem uma queimadura nas costas, da nuca até a parte inferior das costas", acrescentou.

Jenin é um reduto de grupos armados palestinos e o Exército israelense costuma efetuar operações com frequência na região.

Cisjordânia

A violência na Cisjordânia, ocupada por Israel desde 1967, aumentou desde o início da guerra entre Israel e o grupo terrorista Hamas na Faixa de Gaza, em 7 de outubro.

Ao menos 553 palestinos morreram na Cisjordânia em ações das tropas de dos colonos israelenses desde o início da guerra de Gaza, segundo as autoridades palestinas. Além disso, ao menos 14 israelenses morreram em ataques executados por palestinos no mesmo período, segundo dados divulgados pelas autoridades israelenses.

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