Itamaraty estuda repatriar filhos de brasileiro que foi sequestrado no Equador

Governo do Equador determinou estado de 'conflito armado interno' diante da escalada da violência; um brasileiro foi sequestrado por homens armados

Da Redação, com Túlio Amâncio

Lula e Mauro Vieira
REUTERS/Adriano Machado/Lula Marques/Agência Brasil

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) chamou o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, para uma reunião nesta quarta-feira (10), no Palácio da Alvorada, onde vão discutir a onda de violência que atinge o Equador

O Ministério das Relações Exteriores está em contato com as polícias do Equador e estuda formas para repatriação dos filhos do brasileiro Thiago Allan Freitas, de 38 anos, que estava sequestrado por homens armados no Equador. A diplomacia entrou em contato com uma amiga da família que ficou responsável pelos filhos do nacional. Thiago foi libertado horas mais tarde, de acordo com informações do Itamaraty.

O compromisso entre Lula e Mauro Vieira não consta na agenda oficial do presidente, mas a informação foi confirmada com fontes ligadas ao Planalto. 

O filho dele, Gustavo, publicou um vídeo nas redes sociais afirmando que já enviou todo o dinheiro que possui para o resgate do pai. O homem seria proprietário de uma churrascaria brasileira em Guayaquil.

Em nota, o Itamaraty informou que acompanha com preocupação e condena as ações de violência conduzidas por grupos criminosos em cidades do Equador. O governo manifestou solidariedade ao governo e ao povo equatoriano diante dos ataques. 

Onda de violência no Equador 

O governo do Equador determinou estado de “conflito armado interno” diante da escalada da violência nos últimos dias como consequência da fuga da prisão de um dos bandidos mais perigosos do país. O presidente Daniel Noboa assinou um decreto nesta terça-feira (9) reconhecendo a gravidade do cenário. O texto prevê que as Forças Armadas possam intervir em todo o território nacional

A providência adotada pelo governo reconhece 22 facções criminosas como organizações terroristas e, com isso, prevê punições mais graves e medidas mais enérgicas contra elas. O decreto também prevê uma atuação das Forças Armadas em operações para neutralizar a ação das quadrilhas. A norma também estabelece um toque de recolher das 23h às 5h em todo o Equador.

Invasão em emissora de TV

Uma quadrilha invadiu uma emissora de TV do país e fez reféns um grupo de jornalistas e outros funcionários da empresa de comunicação. As imagens circularam pelas redes sociais e ganharam repercussão internacional. Eles entraram no estúdio com a programação ao vivo e as câmeras registraram o momento em que homens encapuzados e fortemente armados rendem os trabalhadores e tomam conta do espaço. Ao menos 13 pessoas foram presas. 

Estado de exceção 

Na segunda-feira (8), o presidente Daniel Noboa já havia decretado estado de exceção no país diante da escalada de violência após a fuga da prisão do chefe de uma das facções criminosas. O criminoso conhecido como Fito, apontado como o comandante do grupo Los Choneros, conseguiu escapar de uma cadeia. O estado de exceção tem duração inicial de 60 dias, podendo ser estendido.

Na terça, foi a vez de mais um chefe de quadrilha fugir da prisão, dessa vez o comandante do grupo Los Lobos, especializado em tráfico de drogas e na atuação com assassinatos de aluguel. Fabrício Colón Pico conseguiu escapar em meio a uma fuga em massa do presídio de Riobamba, na região central do país.

Equador

Daniel Noboa é o presidente mais jovem da história do Equador e tem 36 anos. Ele foi eleito em outubro com a promessa de enfrentar com rigor facções de traficantes, que com frequência são associadas a cartéis do México e da Colômbia. Em um vídeo publicado nas redes sociais, o presidente afirmou que não vai negociar com terroristas e que não vai descansar enquanto não devolver à paz ao país.

O Equador fica localizado entre os dois maiores produtores do mundo de cocaína, a Colômbia e o Peru, e tem enfrentado um aumento de casos de tráfico de drogas. Nos últimos três anos, foram registrados quase 500 mortos em confrontos dentro das cadeias do país. Os homicídios fora das prisões também dispararam nos últimos cinco anos, o que fez crescer a sensação de insegurança e, por consequência, a insatisfação da população com o governo na condução da política de segurança pública.

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