Itamaraty condena ataque de Israel a Rafah: ‘Violação aos direitos humanos'

Bombardeio na cidade do sul da Faixa de Gaza, na fronteira com o Egito, deixou 45 mortos. O governo brasileiro voltou a pedir cessar-fogo imediato no conflito e a libertação dos reféns do Hamas

Da Redação

Ataque deixou 45 mortos em Rafah, ao sul da Faixa de Gaza
REUTERS/Mohammed Salem

O governo federal, por meio do Ministério das Relações Exteriores, condenou os ataques de Israel a um campo de refugiados da Organização das Nações Unidas (ONU) em Rafah, no sul da Faixa de Gaza, que deixou 45 mortos. Em nota, o Itamaraty informou que tomou conhecimento do caso com “profunda consternação e perplexidade”. 

Para o Itamaraty, a ofensiva de Israel contra Rafah é “sistemática violação aos Direitos Humanos e ao Direito Humanitário Internacional, assim como flagrante desrespeito às medidas provisórias reafirmadas, há poucos dias, pela Corte Internacional de Justiça”.

“Essa nova tragédia demonstra o efeito devastador sobre civis de qualquer ação militar israelense em Rafah, conforme manifestações e apelos unânimes da comunidade internacional, e diante dos deslocamentos forçados por Israel, que concentraram centenas de milhares de refugiados, em condições de absoluta precariedade, naquela localidade”, declarou a pasta em comunicado.

O Ministério das Relações Exteriores reforçou que deplora a retomada de lançamentos de foguetes de Gaza, pelo Hamas, contra o território israelense. O grupo terrorista disparou oito foguetes contra Tel Aviv, todos foram interceptados. 

“Ao expressar sua solidariedade ao povo palestino, sobretudo aos familiares das vítimas de Rafah, o Brasil reafirma a condenação a toda e qualquer ação militar contra alvos civis”, pontuou.

O Itamaraty voltou a pedir que a comunidade internacional exerça pressão diplomática a fim de alcançar um cessar-fogo imediato no conflito que já dura mais de sete meses, a libertação dos reféns do Hamas em Gaza e a entrada de assistência humanitária adequada à população do enclave palestino.

Netanyahu diz que ataque foi ‘erro trágico’

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, disse nesta segunda-feira (27) que o ataque que deixou civis mortos e feridos em um acampamento de refugiados em Rafah, no sul da Faixa de Gaza foi um "erro trágico"

Netanyahu declarou ainda, durante um discurso ao Parlamento, que o governo israelense investigará o ataque. “Apesar dos nossos máximos esforços para não ferir civis inocentes, na noite passada houve um erro trágico. Nós estamos investigando o incidente e vamos obter uma conclusão, porque essa é a nossa postura", afirmou.

Ataque de Israel em Rafah 

Ataques aéreos de Israel na cidade de Rafah deixaram ao menos 45 pessoas mortas e dezenas de feridos. Os bombardeios atingiram tendas de ajuda humanitária que abrigavam pessoas deslocadas. 

Segundo a agência de notícias Reuters, os militares israelenses afirmaram que a força aérea atacou um complexo do Hamas em Rafah e que o ataque foi realizado com "munições precisas e com base em informações precisas". Dois líderes do grupo terrorista foram mortos na ofensiva. 

“As Forças de Israel têm conhecimento de relatórios que indicam que, como resultado do ataque e do incêndio desencadeado”, escreveu as forças israelenses, que declarou estar analisando o incidente. 

Os bombardeios de Israel aconteceram no bairro de Tel Al-Sultan, no oeste de Rafah, onde milhares de pessoas deslocadas se abrigavam após fugirem de outras regiões da Faixa de Gaza. 

Mais cedo no domingo, os militares israelenses disseram que oito projéteis foram identificados cruzando a área de Rafah contra Tel Aviv, não houve, até o momento, relatos de vítimas.

Decisão do Tribunal da ONU

Segundo a decisão, Israel deve Interromper imediatamente a ofensiva militar e qualquer outra ação no Rafah, que pode causar aos civis de Gaza condições de vida que podem provocar a destruição física, no todo ou em parte.

O tribunal também ordenou que Israel abra a passagem de Rafah para permitir a entrada de ajuda humanitária no território palestino, e que o país deve fornecer acesso ao enclave aos investigadores e reportar o progresso no prazo de um mês.

Rafah é alvo das forças israelenses desde 6 de maio. A cidade na fronteira com o Egito era o único ponto que não havia sido adentrado por tropas terrestres em sete meses de conflito, e abrigava mais da metade dos 2,4 milhões de moradores de Gaza. Israel alega que Rafah é o último bastião do grupo radical islâmico Hamas.

‘Gaza é o inferno na terra’

A Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinos (UNRWA) declarou nesta segunda-feira (27) que as imagens dos bombardeios israelenses contra Rafah, no sul da Faixa de Gaza, é uma prova de que o enclave é o “inferno na terra”

"As informações provenientes de Rafah sobre novos ataques a famílias que procuram abrigo são horríveis. Há relatos de baixas (mortes e feridos) em massa, incluindo crianças e mulheres entre os mortos. Gaza é o inferno na terra. As imagens da noite passada são mais uma prova disso", declarou a agência em publicação na plataforma X, antigo Twitter. 

Segundo a UNRWA, a agência não tem uma linha de comunicação com funcionários no local e não podem confirmam a localização. “Estamos extremamente preocupados com todas as pessoas deslocadas que se abrigam nesta área. Nenhum lugar é seguro. Ninguém está seguro”, completou. 

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