Receber a notícia do diagnóstico da esclerose múltipla é sempre difícil, mesmo para quem tem a vida marcada pelo humor. Essa é a realidade da atriz paranaense Guta Stresser. Recentemente, ela revelou estar com a doença. Em entrevista à Band, a artista pontuou os medos após saber da nova condição de saúde.
“Muita coisa passou pela cabeça. Houve muito medo de não trabalhar, de perder trabalhos por causa disso. O nosso trabalho, para nós artistas, além de ser o ganha pão, envolve uma coisa de muita doação”, desabafou a atriz, que tem 15 filmes, mais de 20 peças e uma novela no currículo em 36 anos de carreira.
Aos 48 anos, Stresser descobriu que a combinação de sintomas que sentia era, na verdade, esclerose múltipla. Na entrevista, ela relatou problemas de cognição, até mesmo para se lembrar de nomes de pessoas próximas, força muscular e coordenação motora.
O depoimento de Stresser traz à tona uma doença que atinge 40 mil pessoas no Brasil e quase 3 milhões no mundo.
“A esclerose múltipla é uma doença inflamatória da perda de neurônios. O próprio organismo agride esses neurônios. A doença acomete mais as mulheres do que os homens”, explicou o neurocirurgião Wanderley Cerqueira de Lima.
Outras atrizes já assumiram a doença publicamente, como Claudia Rodrigues e Ana Beatriz Nogueira. Ela recebeu o diagnóstico há mais de 10 anos.
Apesar de não haver cura, atualmente, já existe medicamento para desacelerar o avanço. Inclusive, ele é disponibilizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS) brasileiro. Ao mesmo tempo, exercícios, fisioterapia, alimentação balanceada, acupuntura e até óleo de cannabis podem ajudar a aliviar sintomas, como espasmos, dificuldade em realizar movimentos, fadiga e alteração no humor.
Derrubar o tabu e o medo que envolve a esclerose múltipla é tão importante quanto as terapias.
“A gente sabe da nossa capacidade. Eu não estou falando só de artistas. Eu estou falando de pessoas de qualquer setor. Se as pessoas não tiverem oportunidade de, realmente, ver que a Guta foi diagnosticada e bem. Nós três, eu, Ana Beatriz Nogueira e Claudia Rodrigues, três esclerosadas que estamos bem”, concluiu Stresser.