O conflito na Ucrânia completa dois anos neste sábado (24) e, desde então, não houve avanços de lado a lado, nem qualquer perspectiva de acordo. Os russos tentam consolidar o domínio nas regiões anexadas, enquanto os ucranianos apelam por mais recursos para reconquistar esses territórios.
O dado mais recente da Organização das Nações Unidas (ONU) indica que a guerra já provocou a morte de mais de dez mil civis, incluindo 560 crianças. As baixas militares são incertas. Mas uma reportagem do jornal The New York Times revelou que o número de soldados mortos seria cerca de meio milhão.
Nas grandes cidades, como a capital Kiev, a reação já é automática. Ir para as estações do metrô, que funcionam como abrigos. Do lado de fora, o impacto dos ataques russos é devastador.
A deputada ucraniana Kyra Rudyk lidera um grupo de resistência desde os primeiros dias da invasão e diz que: “Não são apenas as explosões que estão ali, são os muitos funerais que você precisa ir de pessoas que você conhece pessoalmente. São crianças que precisam ir ao porão para estudar em abrigos anti-bombas. Toda noite, quando você vai para a cama e não sabe se vai acordar de manhã. Você realmente garante que deve viver a vida ao máximo”.
Nos últimos meses, a crise no leste da Europa pareceu ser ofuscada pelo conflito entre Israel e Hamas no Oriente Médio, que começou em outubro do ano passado. Também contribuiu para isso a falta de avanço de ambos os lados, apesar dos combates constantes.
O presidente Volodymyr Zelensky admitiu que a contraofensiva não tem tido o sucesso que esperava. A Rússia ainda controla cerca de 18% da Ucrânia, ao longo da fronteira, no leste. Além da Crimeia, anexada em 2014, quatro regiões, após serem invadidas, também passaram por referendos ilegais de anexação: Kherson, Zaporizhzhia, Donetsk e Luhansk.
Zelensky culpa a escassez de armas pelo fracasso em recuperar territórios. Só que, mais do que nunca, o resultado depende de decisões políticas tomadas a quilômetros de distância, em Washington e em Bruxelas. O governo americano - maior aliado - está de mãos atadas diante da resistência da ala republicana mais radical no Congresso.
"Houve custos muito altos para ajudar a Ucrânia neste contra-ataque, e hoje a gente tem uma situação em que a Ucrânia não consegue mais promover esse contra-ataque, inclusive está numa posição defensiva. Ao mesmo tempo, alguns setores dos Estados Unidos, setores trumpistas, sobretudo, que eram contrários à ajuda à ucrânia, estão cada vez mais ganhando força dentro do congresso norte-americano e conseguindo frear essa ajuda norte-americana à Ucrânia", disse Vicente Ferraro.
Do outro lado, Vladimir Putin aproveita o momento político para se fortalecer. A Rússia realiza eleições presidenciais no próximo mês. Na prática, o presidente não tem adversários, e a vitória dele é praticamente garantida. Analistas afirmam que não há nenhum sinal de que a guerra pode terminar. Um acordo de paz está cada vez mais distante.