Os irmãos do adolescente brasileiro, Ali Kamal Abdallah, que morreu no Líbano, desembarcaram no aeroporto de Foz do Iguaçu, no Paraná, na noite desta quinta-feira (26). O reencontro com familiares foi repleto de emoção.
Mohammad Abdallah conversou com a imprensa no local e falou sobre o caos vivido no território libanês. Emocionado, o jovem contou detalhes do que presenciou no conflito entre Israel e o grupo xiita Hezbollah.
“Estava eu, meu irmão e o meu pai, a gente foi ajudar ele a trabalhar e a gente escutou o primeiro bombardeio. O segundo foi na nossa frente, na montanha, e a gente pediu para o meu pai para fugirmos, ele só queria terminar o trabalho dele e caiu tudo”, disse Mohamed Abdallah.
“Não vi mais nada, não conseguia mais respirar. Tirei as pedras de mim, fui ver meu pai e ele estava no chão, morto. Eu não conseguia achar o meu irmão, gritava o nome dele… E as pessoas do meu lado mortas, eu não achava ele, nem sei se escutei a voz dele”, acrescentou Mohamed Abdallah, emocionado.
Ali Kamal Abdallah tinha 15 anos e vivia no Líbano com o pai, Kamal Hussein Abdallah, que era libanês e tinha nacionalidade paraguaia.
Governo brasileiro lamenta morte de Ali Kamal
Em nota, o governo brasileiro, por meio do Ministério das Relações Exteriores, declarou que tomou conhecimento, “com profundo pesar”, da morte do adolescente brasileiro durante um bombardeio de Israel no Vale do Bekaa, no Líbano.
Segundo o Itamaraty, a embaixada do Brasil em Beirute está prestando assistência aos familiares do menor.
Ao se solidarizar com a família, o Itamaraty reiterou sua condenação, nos “mais fortes termos”, aos contínuos ataques aéreos israelenses contra zonas civis densamente povoadas no Líbano e “renova seu apelo às partes envolvidas para que cessem imediatamente as hostilidades”.
Brasil repudia escalada no Líbano
Na segunda-feira (23), o governo brasileiro condenou “nos mais fortes termos” os contínuos ataques aéreos israelenses contra áreas civis no Líbano. O Ministério das Relações Exteriores também recomendou aos brasileiros que deixassem a área conflagrada. O aeroporto de Beirute continua aberto, mas o governo avalia a necessidade de uma operação de repatriação.
Israel e o grupo Hezbollah, do Líbano, têm trocado tiros através da fronteira desde o início do conflito em Gaza no ano passado após o ataque terrorista do Hamas em 7 de outubro do ano passado, mas Israel intensificou sua campanha militar na última semana.
Em nota, o Itamaraty lamentou as declarações de autoridades israelenses em favor de operações militares e da ocupação de parte do território libanês e expressou “grave preocupação” diante das exortações do governo israelense para que civis libaneses evacuem suas residências naquelas regiões.
“O Brasil renova o apelo às partes envolvidas para que cessem, imediatamente, os ataques, de forma a interromper a preocupante escalada de tensões, que ameaça conduzir a região a conflito de amplas proporções, com severo impacto negativo sobre populações civis”, declarou a pasta na ocasião.