A família do congolês Moïse Kabagambe vai entrar com uma ação na Justiça contra o presidente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo. De acordo com o presidente da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil, no Rio de Janeiro, Álvaro Quintão, está marcada uma reunião com a família, nesta segunda-feira (13), para definir em quais esferas vai se dar o processo.
Segundo ele, a intenção é defender a honra de Moïse, inclusive judicialmente. A medida acontece após o presidente da Fundação Palmares usar as redes sociais para ofender Moïse.
Na publicação, Camargo também afirma que a cor da pele não tem a ver com o crime brutal, mas sim, com a vida indigna e o contexto de selvageria nos quais, segundo ele, vivia o congolês.
A Fundação Palmares é uma instituição pública voltada para a preservação e promoção da cultura negra.
O crime
Na noite de 24 de janeiro, uma segunda-feira, o refugiado congolês Moïse Mugenyi Kabagambe foi encontrado sem vida, com mãos e pés amarrados e sinais de espancamento próximo de um quiosque onde trabalhava.
Segundo o depoimento de familiares e amigos, Moïse saiu de casa dizendo que iria até o quiosque Tropicália, próximo ao Posto 8, na praia da Barra da Tijuca, para cobrar R$ 200 pagamentos atrasados de duas diárias. O jovem também costumava dizer que estava cansado de “brincadeiras” que eram feitas com ele no serviço.
As câmeras de segurança do próprio quiosque mostram um grupo de ao menos cinco pessoas atacando Moïse com socos, chutes e pedaços de madeira. Em determinado momento, ele foi imobilizado. Ainda assim, seguiu sendo agredido. Durante cerca de seis minutos, Moïse levou cerca de 40 pauladas de outros dois homens que compartilham um bastão de madeira.
Após perceberem que a vítima estava imóvel, alguns dos envolvidos na agressão tentaram reanimá-lo com uma massagem cardíaca. Depois, fugiram do local de carro. O corpo do congolês foi encontrado à noite. Ele morreu de traumatismo do tórax, com lesão pulmonar.
Três suspeitos foram presos e tiveram a prisão temporária decretada. São eles: Fábio Pirineus da Silva, o Belo; Aleson Cristiano de Oliveira Fonseca, o Dezenove; e Brendon Alexander Luz da Silva, o Totta. Eles foram transferidos para o presídio de Benfica, na zona norte da capital fluminense.
Em posse de novas imagens das agressões, o Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) solicitou mais diligências e estabeleceu um prazo de até o dia 28 de fevereiro para a Polícia Civil apresentar os autos da investigação. A Polícia Civil trabalha para identificar todas as pessoas do vídeo que testemunharam o crime para avaliar se houve omissão de socorro. Algumas já prestaram depoimento.