Logo na entrada da exposição, o impacto. Atrás da porta branca, proibição para cachorros, negros e mexicanos. Atrás da negra, se descortina um mundo vibrante e colorido. B.B. King impactou a música mundial e foi bandeira da luta contra a segregação racial. Mesmo que fosse visto como alguém simples.
As primeiras imagens revelam a infância nas plantações de algodão. E aqui há uma experiência sensorial. O visitante sente muito calor, como o próprio B.B King debaixo do sol escaldante do Mississipi nos anos 30.
Do rio que nomeia o estado americano há inspiração para o curso da mostra inédita. Ela tem não só as conquistas musicais, mas a própria essência de Riley Ben King. Homem que influenciou gerações de artistas de outros estilos, como Eric Clapton e Keith Richards, dos Rollings Stones.
Porém, o rei nunca atacou os súditos de pele branca. Pelo contrário, agradeceu a eles por difundirem o blues pelo mundo. B.B. King era considerado um pacifista, algo próximo ao que foi Nelson Mandela no pós-apartheid.
Mas é inegável que seu som causou transformações. Em uma parte da mostra, uma imagem que simboliza a opressão: ônibus com assentos que separavam pessoas negras das brancas.
Em "B.B. King: um mundo melhor em algum lugar", é possível ver de perto o violão Gibson, usado pelo rei do Blues na juventude, e a icônica guitarra Lucille, assinada por ele em um show feito em São Paulo em 1993 (a preta).
São itens históricos, alguns fornecidos pela primeira vez pelo museu dedicado ao músico nos Estados Unidos. O primeiro dos 15 troféus Grammy recebidos também está aqui… sinal da grandiosidade.
Tudo isso está exposto no Museu da Imagem e do Som, em São Paulo, até 8 de outubro. O maior guitarrista do gênero morreu em 2015. Nos 89 anos de idade, transformou o blues, que significa melancolia. Mas com um sorriso, alguns acordes e uma genialidade ímpar, implodiu a dor e conquistou o mundo.