Entenda a disputa por poder e as denúncias que envolvem a igreja Bola de Neve

Crise em uma das maiores igrejas evangélicas do Brasil acontece após a morte do apóstolo Rina

Por Sandro Barboza

Uma das maiores igrejas evangélicas do país está sendo investigada pelo Ministério Público por suspeita de desvio de dinheiro. Por trás da denúncia está uma disputa pelo controle da instituição. 

A Bola de Neve conta com 560 templos espalhados pelo Brasil e outros países. Fundada há 25 anos por Rinaldo Luiz de Seixas Pereira (conhecido como apóstolo Rina) e pela esposa, a pastora Denise Gouvea de Seixas Pereira, a igreja ganhou fama por usar linguagem descontraída, permitir piercings e tatuagens e se aproximar do público mais jovem.

A crise começou no início do ano, quando o casal decidiu se separar. Denise conseguiu na Justiça uma medida protetiva contra Rina, que chegou a ser afastado da igreja.

O casal, entretanto, começou a se reaproximar e desistiu do divórcio. Até que, em novembro, ele sofreu um acidente de moto e morreu.

Pelo estatuto, a vice-presidente, Denise, deveria assumir o comando, mas outros integrantes tentaram impedir, citando um acordo que ela e Rina teriam assinado para que ela saísse da Bola de Neve. 

Acontece que o documento só teria validade se fosse homologado na Justiça, o que nunca aconteceu. A pastora, então, assumiu o cargo.

"A Justiça determinou que essas pessoas não possuem poder ou legitimidade para representar a Igreja Bola de Neve e que qualquer tentativa de representação nesse momento pode ser caracterizada crime de desobediência de ordem judicial", disse Anderson Albuquerque, advogado de Denise.

Por trás da disputa está uma denúncia feita por ela envolvendo alguns integrantes da igreja, alvos do Ministério Público, que investiga a existência de um esquema de desvio de dinheiro por meio da criação de empresas de fachada.

A Bola de Neve tem uma movimentação financeira anual de cerca de R$ 250 milhões. Em nota, a igreja negou as acusações e diz que “sua gestão está totalmente de acordo com a legislação e boas práticas de conformidade”. 

Denise tinha evitado se manifestar, mas, em entrevista exclusiva à Band, disse que confia na Justiça e que quer apenas continuar seu trabalho de evangelização.

Eu sonho em ver algo diferente, uma igreja transparente, tem muita gente boa trabalhando ali dentro. Muitas pessoas sérias (...) Tem muita coisa boa para acontecer, e o que tiver que ser arrumado e colocado em ordem, vai ser.

Veja a íntegra da nota da Bola de Neve

A Igreja Bola de Neve reafirma que a pastora Denise Seixas renunciou ao cargo de vice-presidente em acordo assinado em 27 de agosto. A referida decisão judicial NÃO a reconhece como presidente, diferentemente do que afirmam os advogados da pastora, e será revista por instância superior, uma vez que o próprio juiz se declarou incompetente para julgar o caso. Vale lembrar que outra decisão, da  12ª Vara Cível, reconheceu a regularidade da atual gestão da Bola de Neve e impediu que a pastora Denise entrasse, sem autorização, nas dependências da igreja.  

Sobre as denúncias relativas à administração financeira, a Igreja Bola de Neve afirma que sua gestão está totalmente de acordo com a legislação e boas práticas de conformidade. Há mais de uma década as contas da organização são auditadas anualmente e aprovadas sem restrições por empresa multinacional cuja expertise e seriedade são reconhecidas pela qualidade e regularidade dos serviços prestados.  

A divulgação de dados, valores de pagamentos e quaisquer outras cláusulas contratuais é ilegal e fere o sigilo financeiro estabelecido pela Constituição Federal. A Igreja está à disposição, se necessário, para prestar todos os esclarecimentos às autoridades competentes.

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