O empresário Ranier Lamache, que aparece em vídeo de um grupo de torcedores brasileiros que hostiliza o cantor Gilberto Gil durante partida entre Brasil e Sérvia, disse em postagem nas redes sociais que as ofensas ao artista não foi realizada por ele, mas proferiu palavras de apoio ao atual presidente Jair Bolsonaro.
Gilberto Gil e a esposa, Flora Gil, foram hostilizados no estádio Lusail, no Catar. O caso ocorreu na quinta-feira (24), mas vídeos dos xingamentos foram compartilhados na madrugada de domingo (27) nas redes sociais. Além dos xingamentos, os torcedores gritavam: “Vamos, Lei Rouanet”, em referência à lei de incentivo à cultura e “Vamos, Bolsonaro”.
Após a repercussão do caso, Ranier Lamache postou uma nota em seu perfil pessoal do Twitter. “Gostaria de me solidarizar com o Sr. Gilberto Gil e sua família em virtude da ofensa que a ele fora proferida, uma vez que eu também não gostaria de ouvi-la. No entanto, estão veiculando a minha imagem essa ofensa, o que não é verdade”, informou o empresário.
Segundo ele, o momento e nem o local eram adequados, mas, as duas únicas frases ditas foram: "Vamos, Bolsonaro"; "Você ajudou o Brasil”, essa em tom de ironia, diz ele. “Em virtude da polarização política existente hoje no Brasil, uma outra pessoa que estava atrás de mim extrapolou e desferiu um xingamento ao Sr. Gilberto Gil. Entretanto, repita-se, NÃO FOI EU!!!”, completou.
Na publicação, Lamache diz ainda que apesar da divergência aos ideais políticos de Gilberto Gil, o “respeito ao nobre artista”.
Ranier Lamache é dono de franquias da Domino's Pizza no Rio de Janeiro. A marca, sem citar o nome do empresário, disse em nota que vai apurar o caso. “A Domino's Pizza Brasil repudia toda forma de violência e esclarece que atitudes individuais de seus franqueados não refletem o posicionamento da marca, por isso, apura o caso com toda seriedade”, informou a marca. Eles finalizaram prestando solidariedade a Gilberto Gil e sua esposa, Flora Gil, pelo constrangimento que sofreram no Catar.
Posicionamento de Gilberto Gil
Em vídeo, Gilberto Gil agradeceu o apoio dos fãs e de amigos famosos nas redes sociais. “Nossos agradecimentos, meus e da Flora, por essa corrente solidária diante dessa agressão, essa coisa estúpida, enfim. É o terceiro turno, os inconformados querendo manter essa coisa do ódio, da agressividade”, afirmou e desejou um bom jogo para a Seleção Brasileira na segunda-feira (28).
Apoio de outros artistas
Famosos como Caetano Veloso e Daniela Mercury prestaram solidariedade a Gilberto Gil. Randolfe Rodrigues, senador do Amapá, afirmou que irá denunciar o torcedor e cobrar punições da FIFA.
“Ele tem 80 anos e estava com sua esposa. Quero prestar solidariedade ao gênio Gil e dizer que nós, os artistas, assim como a verdadeira sociedade, esperamos que os criminosos sejam punidos”, escreveu Caetano Veloso, pelo Twitter.
“Saí do show há pouco e estou devastada com as agressões que Gilberto Gil sofreu no Qatar. Gil é um patrimônio cultural do Brasil. É nosso mestre. É um Deus da música. Toda minha solidariedade a ele. Todos meus esforços para achar o agressor”, publicou Daniela, também pela rede social. Pelo Twitter, a filha do cantor, Preta Gil, pediu respeito ao pai.
“O que aconteceu com meu pai e Flora no dia do jogo do Brasil no Catar, onde foram agredidos verbalmente por um bolsonarista violento é assustador", afirmou. Preta disse que ela e Gil prezam pela convivência pacífica entre ideais diferentes.
"Eu e meu pai pensamos parecido a respeito de conviver com o diferente, estamos acostumados, mais que isso, tentamos de forma muito civilizada a convivência sem nos sentirmos ameaçados e tão pouco ameaçar", pontuou.
“Eu, meu pai ou Flora jamais, em situação nenhuma iríamos atacar ou xingar um bolsonarista gratuitamente. Eu realmente acho que nem todo eleitor do Bolsonaro seja a escória da humanidade, mas esse infelizmente é", disse, criticando o torcedor que atacou Gil. Por fim, ela se diz revoltada com as agressões. "O que ele fez com meu pai foi tão agressivo, tão nojento, tão violento que devemos sim nos revoltar. O bolsonarismo mata e fere, isso tem que acabar”, completou.